Parece que quando as pessoas crescem, elas esquecem do que é legal
Calvin e Haroldo – Bill Watterson
Há dois anos eu acreditava que, quando chegasse aos vinte e quatro, minha vida estaria mais ou menos encaminhada. Que teria um emprego bacaninha e que pudesse me sustentar na profissão que escolhi. Que estaria produzindo algumas coisas legais no tempo livre. Que estaria, acima de tudo, feliz comigo mesmo.
A vida, essa filha da puta que nos fode sem camisinha e transmite DSTs, não deixou que isso acontecesse. No último ano, descobri que sou mestre na arte da autossabotagem – uma das poucas coisas em que sou realmente bom, aliás. Percebi as coisas ao meu redor desmoronarem aos poucos. Vi-me sem forças para reagir e encontrei o fundo do poço. Curiosamente, descobri como cavar e me afundei mais ainda. Atolado na lama. Cada vez mais fundo, cada vez mais sem forças.
E aqui estou, aos vinte e quatro. Queria poder escrever um texto maravilhoso falando como minha vida está excelente e contar tudo que mudou durante os vinte e três. Eu queria. Mas não posso. Seria autossabotagem de novo. Nos últimos dois meses, venho assumindo os problemas e tentando me livrar deles. Um de cada vez. Uma peça por vez. Não está fácil, mas aos poucos estou levando, graças à ajuda dos amigos que estão juntos comigo nessa luta.
Então hoje é o dia que quero colocar uma pedra em cima dos problemas restantes e seguir em frente. Quero fazer um pacto comigo mesmo de que, em 2014, escreverei um texto contando como os vinte e quatro foram sensacionais. Como a vida deu uma guinada positiva e que estou finalmente bem. Quero chegar aos vinte e cinco e dizer, pura e simplesmente, estou feliz.
Não é pedir muito, não é mesmo?
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.