Valente para sempre foi lançado durante o Festival Internacional de Quadrinho de 2011 (FIQ 2011), em Belo Horizonte. O livro é uma reunião das 72 tirinhas de Vitor Cafaggi, publicadas originalmente no jornal O Globo. Juntas, elas formam a primeira temporada das aventuras amorosas de Valente, um cachorro que poderia ser eu, você ou qualquer outra pessoa que você conheça.

Esse é o maior trunfo de Vitor na hora de construir os personagens. Eles podem ser animais, mas são mais humanizados do que muita gente. Valente é um cachorro sonhador, ingênuo até. Ele é tudo o que já passamos na hora de conquistar uma garota, quando nos apaixonamos e quando nos decepcionamos. Isso está em cada expressão do personagem, que não precisa de falas para mostrar o que sente. Um olhar e uma balançada de rabo são suficientes.

Além do traço marcante, o texto e a linguagem visual de cada quadrinho são muito interessantes. Pra mim, duas tirinhas são emblemáticas. A que abre o livro, na qual conhecemos Valente e Dama, seu primeiro interesse amoroso, tem uma estrutura que é simbólica para a história, pois quando é repetida (tanto na tirinha seguinte quanto quando ele conhece a Princesa) mostra que a história está sofrendo uma grande mudança. A mesma coisa acontece com as duas tirinhas de fossa, quando é mostrada toda a trajetória de um “garoto conhece garota” e que termina com “garoto sofre”.

E todo mundo sabe que sou sentimental como uma porta (uma porta normal, não uma do Guia do Mochileiro das Galáxias, mas isso é assunto pra outro post). Apesar de ser uma história de amor e desilusão e de amor de novo, Valente para sempre usa o tom certo. Em nenhum momento os diálogos são piegas ou sentimentalóides. Pelo contrário. No meio do drama de Valente, o que predomina é o humor. E conseguir fazer isso bem feito é um dos grandes méritos de Vitor Cafaggi.

É um livro para se comprar, ter na estante e reler sempre que possível.

P.S.: Comecei a acompanhar o blog do Vitor há uns três anos, quando ele ainda publicava as tirinhas do Puny Parker (que são fantásticas, por sinal). Quando elas acabaram e ele começou Valente, foi identificação à primeira tira. Hoje ganhei uma edição do livro autografada. Nem precisa falar que fiquei bem feliz (valeu Gardênia). Tô doido pra ver o trabalho que ele e a irmã vão fazer na nova Graphic Novel da Turma da Mônica. Tem tudo pra ser épico.

“Meu irmão costuma dizer que Valente é a história das garotas que acontecem na vida de um cara antes de aparecer a garota da vida dele, a garota certa. Mas Valente é também o cara certo que acontece na hora da vida de uma garota. Ou o cara certo que não acontece, porque ele pensa demais antes de dar o primeiro passo. E pensa de menos na hora de colocar uma garota em um pedestal que só existe na cabeça dele.”
Bu Cafaggi