“Para a mente bem estruturada, a morte é apenas a grande aventura seguinte”
Alvo Dumbledore
A Pedra Filosofal fala sobre como as pessoas encaram a morte. A Ordem da Fênix mostra que ninguém está imune à morte. O Enigma do Príncipe é sobre temer a morte e tentar burlá-la. As Relíquias da Morte mostra que em uma guerra nenhum dos lados está protegido, além de apresentar o verdadeiro Senhor da Morte.
Morte, morte, morte. Me lembro bem quando o último livro ainda não havia sido lançado e eu passava horas nas comunidades do Orkut lendo teorias, criando as minhas e discutindo o futuro da série com a galera. Muitos deles, inclusive eu, acreditavam que o Harry morreria no último livro. E quando os fãs desejam a morte do protagonista para o bem da série, significa que ela é um dos temas centrais da história.
Tudo começa com a morte dos pais do Harry pelas mãos do Voldemort. Ele é quase destruído pelo avada kedavra que lançou em Harry e some do mapa. Onze anos depois aparece lutando contra a morte, sugando sangue de unicórnio enquanto busca pela imortalidade da Pedra Filosofal. Você-sabe-quem vence a morte em O Cálice de Fogo e mata mais um do time dos bonzinhos, de graça.
“Não sei se ainda tinha humanidade suficiente para morrer”
Hagrid
Aos poucos Harry perde toda a proteção que tinha. Sirius é morto em A Ordem da Fênix. Dumbledore se vai no livro seguinte. Em As Relíquias da Morte acontece a carnificina e, de cabeça, eu lembro que morrem Olho Tonto, Edwiges, Lupin, Tonks, Colin Creevey, Scrimgeour, Dobby e Fred. Isso só do lado dos bonzinhos.
Só que essas mortes não caracterizam este tema como o tema principal da história. O ponto principal para falar que a saga Harry Potter é uma saga sobre a morte são os dois últimos livros. O Enigma do Príncipe é construído para explicar a criação das horcrux e a divisão da alma do Voldemort em sete partes. Tudo porque ele temia a morte e queria viver para sempre. Aliás, quem nunca pensou isso?
“É o desconhecido que receamos quando olhamos para a morte e a escuridão. Nada mais”
Alvo Dumbledore
Temer a morte é temer o desconhecido, como disse Dumbledore. Um ser com o poder construído por Voldemort não gostaria de perder tudo que havia feito. Por isso o medo de morrer, de parar de reinar, de ir para um lugar desconhecido.
Isso tudo se torna mais complexo no sétimo livro. Em As Relíquias da Morte é contada a história dos três irmãos e das relíquias. Juntas, elas criam o verdadeiro “senhor da Morte”, capaz de controlar a morte e rir na cara do perigo. Dono das três relíquias, Harry é esse poderoso ser, capaz de ser morto por Voldemort e retornar para destruí-lo – embora ele já não fosse mais o senhor da morte neste momento.
“Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”
Túmulo de James e Lilly Potter
Na cena da estação King’s Cross, Harry se entregou para a morte de bom grado, sabendo que ali estava a coisa certa a ser feita. Ele, de fato, morreu, encontrando Dumbledore em outro plano. Por ser uma horcrux do próprio Voldemort, porém, e ter se entregado por um motivo nobre, teve a chance de voltar e lidar com você-sabe-quem. Sim, ele teve a escolha de seguir em frente, pegar o trem e ir embora. Mas ele voltou da morte.
Por tratar do tema de uma forma tão séria e frequente em todos os livros, Harry Potter é definitivamente um livro sobre a morte. Só em um livro como esse é possível acreditar que qualquer personagem poderia morrer, até mesmo o protagonista.
“Você é o verdadeiro senhor da Morte, porque o verdadeiro senhor não busca fugir da morte. Ele aceita que deve morrer, e compreende que há coisas piores, muito piores que a morte no mundo dos viventes”
Alvo Dumbledore
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.