O termo Tupi pode remeter aos seguintes artigos da Wikipédia:
Índice:
1. Povos Indígenas
2. Línguas
3. Lugares
4. Empresas
5. Forças armadas
Vamos nos ater ao verbete “3. lugares”. Olhando mais atentamente temos:
1. Tupi Paulista, município de São Paulo.
2. Campo petrolífero de Tupi, campo petrolífero brasileiro, localizado na Bacia de Santos, a 250 km da costa, na projeção cartográfica do estado do Rio de Janeiro.
3. Tupi (Belo Horizonte), bairro de Belo Horizonte
4. Tupi (Filipinas), municipalidade das Filipinas na ilha de Mindanao.
Como não moro em São Paulo ou no Rio, exclui as duas primeiras opções. E como falar que vivo nas Filipinas é fazer chacota com minha cara, sobrou só uma opção: o bairro de BH.
Só tô falando tudo isso para avisar aos distraídos de plantão que meu bairro existe sim: a Wikipédia comprova. E não me venha com piadinhas porque já cansei de ouvir que moro numa aldeia indígena, que não moro, escondo. O pior é que isso é agravado quando falam um sonoro Tupi-Guarani e tenho que admitir que o bairro vizinho realmente se chama Guarani.
Tirando esses detalhes sórdidos, algumas coisas no bairro são bem características. Uma delas é a maternidade. Como eles têm uma política de encorajar o parto natural, toda hora tem uma mulher grávida passeando na rua. Mas o pior é acordar de madrugada e escutar as mulheres gritando: “TIRA ESSE CAPETA DE DENTRO DE MIM”.
Essa frase passa a te dar medo quando você sabe que a uma casa de distância da sua tem uma casa-sede de igreja evangélica itinerante (na qual o capeta aparece pontualmente às 9h da noite, venham e tire o capeta de você!) e a duas casas tem um centro de candomblé (com funcionamento toda segunda-feira à noite).
O pior é que ninguém pode falar que isso é mentira. Moro aqui há 20 anos e isso acontece sempre. Quando era pequeno, ou melhor, mais novo (não se pode falar “pequeno” quando se tem 1,65), costumava ficar com muito medo. Ficava tentando adivinhar onde seria o exorcismo do dia e procurava fugir desse lugar a noite toda.
Quem deve estar cansado disso tudo deve ser o capeta. Se ele quiser pode passar uma temporada na minha casa. Vai ser muito mais tranquilo do que aqui na vizinhança.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.