Foto: Pedro Souza | Atlético
Na tv, o Galo visitava os reservas da Palmeiras com aquele delay típico de transmissões pela internet, que permite aos vizinhos darem spoiler dos gols com minutos de antecedência. No celular, o Twitter mostrava o tempo real de Grêmio e Flamengo, narrado com ansiedade e raiva pelos atleticanos da timeline. A atenção dividida, pois muito estava em jogo naquela noite de terça-feira. Não podíamos descuidar de nenhum detalhe. Eu estava fazendo minha parte para isso.
Mas quando os reservas do Flamengo abriram 2×0 e os da Palmeiras marcaram o primeiro tento, algo saiu do meu compasso interno. Virei para o amigo que assistia ao jogo comigo e soltei um pesaroso “é… fudeu”. Nada mais do que aquela desesperança clássica que abate o atleticano vez ou outra, com a qual aprendemos a conviver ao longo dos anos. A bipolaridade que nos faz maldizer o time só para, alguns minutos depois, gritar a plenos pulmões um gol marcado por quem estávamos cornetando.
Enquanto a cabeça fazia as contas de quantos pontos o Flamengo diminuía na tabela e do que precisariámos fazer para sermos campeões, o jogo permancia aberto e o empate veio. O problema é que o atleticano não pode ter um minuto de paz e o segundo gol da Palmeiras foi um novo balde de água fria, originado em uma saída equivocada do Everson após uma belíssima defesa de pênalti. Quando o Grêmio empatou, porém, o alívio ficou mais evidente e o chute do Hulk só deixou o coração ainda mais leve.
Na série de cálculos realistas que fiz aqui no blog, apostei em um empate contra a Palmeiras e, bem, cravei o resultado. Sigo com a ideia de que virá uma vitória em casa contra o Fluminense e a insanidade será coroada em terras baiana, no jogo adiado pela 32ª rodada. O título pode até mesmo vir fora de campo, a depender dos resultados de um baqueado Flamengo após a perda da Libertadores. Não é o que eu gostaria. Para o bem do atleticano, o caneco precisa vir em campo. Algo palpável, diante da torcida para a explosão planejada ser, enfim, completa. Não quero o anticlímax, quero a insanidade máxima.
O jogo contra a Palmeiras podia ter deixado um caminho livre para isso, mas infelizmente não foi dessa vez. Poderia ser melhor? Poderia, mas a ajuda dada pelo Grêmio não tornou a noite em um verdadeiro desastre. A rodada começou e terminou do mesmo jeito, com a mesma diferença de pontos para o vice-líder. Faltam só duas vitórias em quatro jogos para não dependermos do tropeço de ninguém. Esse é o foco e o Fluminense que se segure, pois vamos para cima em busca de 15ª vitória seguida em casa e, em breve, do tão sonhado Brasileirão.
O copo, afinal, saiu meio cheio. E, a cada rodada que passa, mais próximo estamos do título. Somos um poço de ansiedade, aguardando o apito dos matemáticos para, enfim, gritar É CAMPEÃO sem peso no coração. É só esperar um pouquinho mais que o momento certo vai chegar.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.