Nada me dá mais tesão do que uma estante cheia de livros. E não falo de uma com aqueles exemplares branquinhos e cheiro de “acabei de comprar”. Não. Gosto daqueles com lombada meio amassada, marcas de dedo nas já amareladas laterais e que ainda têm o perfume da pessoa que por último os leu.
Uma estante cheia de livros é mais afrodisíaca do que qualquer ostra que indiquem por aí. Chegue na casa de uma mulher e faça essa experiência. Observe aquele clássico russo cheio de marcações ou o bestseller do momento com orelhas de tantas vezes que foi lido. Não julgue a qualidade, tanto faz o livro. Olhá-los nos dá uma ideia do que a mulher gosta. Atiça a imaginação. Aumenta o mistério. Se não fosse tão fácil de derrubar tudo, eu transava na própria estante.
A dona de um acervo literário tem tudo para ser uma pessoa, no mínimo, interessante. É alguém que já viajou por diversos lugares, que experimentou diferentes pontos de vista. Que já se apaixonou por alguém que nunca poderia correspondê-la. Que já gargalhou alto. Que já chorou. E tudo isso sozinha, sem medo de parecer ridícula em frente a outras pessoas.
Estar com uma pessoa assim é ter certeza de que você vai se arrepiar inteiro quando ela sussurar Madame Bovary c’est moi no seu ouvido e saber que farão sexo com o ímpeto de dois amantes. É trocar juras de amor eterno para, no fim, se matarem de prazer. Juntos. Ou talvez, quem sabe, acrescentarem novos tons à relação para nunca deixá-la cair no preto e branco.
Sinto tesão até nos momentos mais simples. Nada mais bonito do que quando a mulher abre um livro para ler no ônibus. Ou quando ela se senta na cadeira preferida, ainda de camisola, para embarcar em um mundo novo. Não tem nada mais sexy do que isso.
Até entendo quem se sente atraído por um belo par de coxas, por olhos ou pela conta bancária de alguém. Eu também sou, admito. Mas nada disso supera uma mulher com um livro na mão. Livro me dá um puta tesão.
*Este texto é em comemoração ao Dia Internacional do Livro, celebrado hoje.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.