Não faz sentido nenhum essas galinhas malditas comemorarem o dia internacional da mulher. Nenhum. Que eu saiba, esse dia foi pra marcar as conquistas históricas das mulheres, com o movimento feminista e coisas afins. Agora me fala por quais lutas essas galinhas acomodadas tiveram que passar?

Pra começar, quem sempre mandou no galinheiro foram elas. E nem precisou de revolução. Elas nasceram sabendo botar ovos. Quem bota ovo no galinheiro é rei. Ou, no caso, rainha.

Elas nascem, crescem, engordam, começam a botar ovos e acomodam. Ganham os melhores ninhos, as melhores comidas. E quando elas resolvem chocar, então? Aí que o granjeiro dá mais atenção ainda pra elas. Sou só um coadjuvante nesse lugar, tô te falando.

Não é toa que todo mundo fala que cria galinhas e não que cria galos. Ninguém em sã consciência cria galos. As nossas únicas funções no mundo são: acordar todo mundo de madrugada, assistir Fórmula 1 e reproduzir. Só. As galinhas têm utilidade. Elas botam ovos, criam os filhotes, evitam que nasça mato no galinheiro, fofocam da vida das pessoas, têm vida social ativa.

Enquanto isso, quem é frango só se fode. Quando você nasce e descobrem que você é macho, seu destino quase certo é a morte. Só aqueles abençoados pelo dom da boa genética (obrigado, Deus. Te devo uma) sobrevivem e se tornam os garanhões reprodutores das granjas. Cada granja costuma ter só um desses. Sentiu o drama?

A minha situação aqui no galinheiro é difícil. A minoria rejeitada aqui sou eu. Acho é que vou ali embaixo queimar umas cuecas e exigir meus direitos. Ouvi falar em algum lugar que isso dá certo.