Olá julho, como vai você? Espero que vá bem, porque ainda nem chegou e já te odeio com todas as forças das minhas penas congeladas. Sim, você entendeu bem. Congeladas. Você sabia que aqui no galinheiro não tem sistema de aquecimento? Pois é, aposto que não sabia e veio entrando sem bater na porta. Intrometido filho da puta.
Sabe qual é a pior parte de estar fazendo frio? Eu tô gripado. Vocês podem achar que não, mas um frango gripado ainda é um grande motivo de pânico pelo mundo inteiro. Tenho que ficar de quarentena no meu poleiro. Sozinho.
Peraí. Acabei de mudar de ideia. A pior parte nem é estar gripado, mas sim estar sozinho. Quer coisa melhor que estar frio e você dividir uma coberta com uma galinha gostosa, os dois abraçadinhos e tomando chocolate quente enquanto assistem a um filme? Não tem nada melhor que isso.
É nessas horas que invejo aquela galinha gorda com celulite. Ela também é forever alone, mas pelo menos não sente frio. Longe de mim querer ter o tanto de gordura que ela tem, mas queria pelo menos um pouco do calor que ela deve estar sentindo. E dormir abraçado com ela não é uma opção, antes que alguém resolva falar isso.
O que eu queria é que, milagrosamente, a galinha gostosa do poleiro de cima pegasse uma gripe e resolvesse vir me encontrar para dividir os vírus. Tem coisa mais romântica que dividir os vírus com uma gostosa? Aí a gente ia poder ficar enrolado debaixo da coberta, fazendo tudo que quisesse.
Bom, é melhor parar de sonhar e voltar para essa realidade fria e triste. Outra coisa que é péssima em julho é que o granjeiro faz aniversário logo no início do mês. Tá para nascer alguém que fique mais empolgado com o próprio aniversário do que ele. É uma cantoria pra cá, uma felicidade pra lá. Preguiça mortal dele nesses dias.
Tava até pensando em dar um presente pra ele, mas como ele continua servindo milho e não resolve o problema do aquecimento do galinheiro, não vai ganhar nada. Aliás, pode até ganhar: uma espiga de milho pra enfiar no cu, aquele filho da puta. Odeio ficar com o bico congelado.
Começou a escrever em 2008 para fugir de uma rotina massante no galinheiro e descobriu que era bom naquilo. Ou pelo menos achava que era, já que nunca conseguiu dar nenhum beijo na boca por seus textos. Dizem por aí que continua virgem, mas ele nega.