Os jogos finais do Campeonato Mundial Feminino de Vôlei foram realizadas neste final de semana e o Brasil estava lutando pelo título. Foi difícil e exigiu muito do coração dos torcedores. Nos dois dias. Confira como foi Brasil x Japão e Brasil x Rússia.
As donas da casa
Cerca de 12 mil pessoas lotavam o estádio nacional de Yoyogi. Sim, eram todos japoneses e fazem um barulho ensurdecedor quando estão reunidos. Tamanha comemoração tinha motivo, pois era a primeira vez após mais de 30 anos que o Japão chegava à semifinal do Campeonato Mundial. Com tanta gente torcendo contra e fazendo pressão, já era de se imaginar que o Brasil teria um jogo duro pela frente.
O que ninguém imaginava é que o jogo seria tão duro. No primeiro set, as jogadas brasileiras não funcionaram e a seleção japonesa jogou com todo o seu arsenal. Errando muito na recepção, não quebrando o passe adversário no saque e batendo de frente com uma defesa sólida, o Brasil teve muitos problemas no primeiro set, que acabou fechado pelas japonesas por 25×22.
O segundo set não melhorou o ânimo das jogadoras, que seguiram errando muito e cedendo pontos preciosos para as adversárias. Do outro lado, o Japão era tecnicamente perfeito, a começar por sua excelente levantadora, a Takeshita, passando por Saori e Ebani, duas jogadoras excepcionais. O Brasil não aproveitava os contra golpes e descartou umas dez possibilidades de fechar o jogo. Acabou em incríveis 35×33.
Nesse momento, um intervalo com show de crianças salvou o Brasil. Voltando para o terceiro set mais concentradas e vibrantes, as jogadoras não só venceram como também entraram mais confiantes para o quarto set, que também foi conquistado de forma convincente. Com placares de 25×22 nos dois sets, a seleção forçou o tie break.
No set de desempate, só deu Brasil. Com uma vibração inigualável, a seleção até começou perdendo, mas conseguiu se acertar e vencer por 15 x 11. Foi uma brilhante partida da equipe como um todo. Sassá foi fundamental para a virada de ânimo da seleção. Sheila e Natália fizeram uma partida excepcional. Uma virada espetacular e um ganho de ânimo para a final histórica contra a Rússia, mesma adversária de quatro anos atrás na derrota da seleção brasileira.
As gigantes e frias russas
2006. Final do Campeonato Mundial Feminino de Voleibol. Tie Break. 13×11 para o Brasil contra a Rússia. Foi então que começou uma virada, representando a queda do sonho de uma geração de jogadoras.
2010. Final do Campeonato Mundial Feminino de Voleibol. Tie Break. 13×11 para a Rússia contra o Brasil. Lógico que a cena de quatro anos atrás voltava à cabeça de todo mundo, mas as posições eram invertidas. E infelizmente a virada não veio. A Rússia venceu o Brasil por 15×11 em um dos grandes clássicos mundiais do vôlei.
Mas a partida não foi fácil. O que marcou todo o confronto foi a alternância de bons e maus momentos das duas seleções. Em vez de uma disputa acirrada, ponto a ponto, o que se viu foi uma sequência de pontos de uma equipe, que depois recebia o troco.
No primeiro set, parecia que o Brasil conseguiria uma vitória fácil. A vantagem de 10×3 no início mostrou que as russas não entraram tão concentradas, mas logo voltaram ao normal e encostaram no placar, com 14×13. Ao final, brilhou Sheila e o set foi fechado em 25×21.
Foi então que a Rússia começou a trabalhar um dos seus melhores fundamentos: o bloqueio. Com um saque forte e um bloqueio bem montado, a vida não foi nada fácil para as atacantes brasileiras. Do outro lado, as gigantes Gamova e Sokolova passavam por cima do bloqueio brasileiro com facilidade, fechando o set em 25×17.
No terceiro set o Brasil colocou a defesa em ordem e deu trabalho para a Rússia. Como mandou Zé Roberto, as bolas começaram a apenas amortecer no bloqueio para serem defendidas e contra atacadas. E tudo isso com uma vibração que até então não tinha aparecido no jogo. Com direito até a bolada no rosto de Sokolova dada por Sheila, Fabiana foi lá e fechou o set em 25×20, garantindo a vantagem de 2 sets a 1 para o Brasil.
Então simplesmente sumimos do jogo durante o quarto set. A Rússia parecia não se importar com quem estava do outro lado da quadra e conseguia bloquear, sacar e atacar como ainda não tinha feito durante a partida. E os fundamentos brasileiros simplesmente não funcionavam. Quando as russas abriram 20×9, estava claro que o Brasil queria logo que acabasse o quarto set para ir ao tie break. Com Gamova jogando muito, o set acabou em 25×14.
Com o estádio inteiro gritando “Brasil, Brasil”, a seleção começou o set de forma vibrante e abriu dois pontos de vantagem logo de cara. Porém, como foi padrão durante todo o jogo, a Rússia foi buscou o resultado e empatou. E continuou essa troca de pontos até a Rússia conseguir abrir 11×9. No 13×11, o Brasil parou de novo e viu Gamova crescer e fechar o jogo com ataques impressionantes. 15×11 e Rússia heptacampeã do mundo. O Brasil mais uma vez fica na fila, infelizmente.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.