19 de dezembro de 1971, com cruzamento de Humberto Ramos e uma cabeçada certeira de Dadá Maravilha. Qual atleticano não se lembra desse lance que marcou a história do Glorioso? Primeiro campeão brasileiro, um time fantástico de 76/77 que não foi campeão por acasos do destino.

Nasci em 1989, o que significa que só conheço essas façanhas por relatos e retrospectivas do time. Desde que me entendo por gente, não sei o que é ganhar um campeonato importante. Nesses 22 anos, foram sete campeonatos estaduais, duas Copas Conmebol e um Campeonato Brasileiro… da série B. E mais nada.

Em 2012 o Atlético completa 40 anos sem títulos de expressão. Nenhuma Copa do Brasil, nenhum Campeonato Brasileiro. Nada desde 1971.

Atleticano padrão após cada campeonato

Mas o torcedor do Galo aprende a sofrer. Sei disso desde que sou moleque. Sofri muito em 1999, quando perdemos o título que estava em nossas mãos. Me desesperei na semi-final de 2001 quando fomos eliminados debaixo d’água pelo São Caetano. E quem não se lembra da semi-final da Copa do Brasil de 2002, quando fomos atingidos pela Febre Amarela?

As maiores glórias que vi foram derrotas. Derrotas amargas, que me fizeram chorar. Mas até essas “glórias” são raras. Na maior parte do tempo, o atleticano está torcendo por um time mediano/ruim que briga por posições na parte de baixo da tabela e perde nas primeiras fases da Copa do Brasil/Sulamericana.

O pior momento foi, sem dúvida alguma, quando caímos para a segunda divisão, em 2005. Desde o início do sistema de pontos corridos, o Galo é o time que passou mais tempo na zona de rebaixamento. Além disso, a melhor posição conquistada foi um sétimo lugar em 2003 e 2009. Dos últimos oito anos, só em 2009 chegamos a ameaçar, bem de leve, o título. Mas caímos vertiginosamente na reta final.

O Brasileirão de 2011 não fugiu do script. Começamos bem, caímos até a zona de rebaixamento e ficamos lá até um milagre salvar o time. Foi um primeiro turno patético e uma recuperação meia boca no segundo turno. A partida final, contra um ameaçado Cruzeiro, mostrou só o quão patético somos, perdendo de 6×1. Não houve um posicionamento tático claro, a defesa bateu cabeça, o ataque não existiu, o meio de campo ficou perdido. Um retrato perfeito do quem tem sido o time sempre.

Tá cada vez mais difícil torcer contra o vento

O atleticano ama o time. Do contrário, já teria desistido há muito tempo. Aquela máxima de que “numa tempestade o atleticano torce contra o vento” é a mais pura verdade. A torcida é louca, apaixonada. Apóia o time em qualquer situação. Atleticano nunca se moveu por título, sempre se moveu por paixão.

O problema é que sem o time fazer a parte dele, a paixão esfria, a relação fica desgastada. Tenho 22 anos e nunca vi um título, mas mesmo assim sou apaixonado por esse time. Está passando da hora de retribuírem. Em respeito aos torcedores, em respeito a essa Massa dedicada e fiel.

Vou continuar torcendo e apoiando. Esse texto não é para apontar erros e problemas na administração do Clube. É apenas um desabafo de um torcedor que ama e não é correspondido. Queria me importar menos, juro. Mas me importo e muito com o futuro desse time. Especialmente hoje, depois dessa derrota humilhante, sinto vergonha do Atlético. Só isso.