No momento em que a bola cruzou a linha do gol, fui tomado por uma emoção que até então não conhecia. Tinha dado a chance de título por perdida quando o Flamengo abriu o placar aos 2 minutos do primeiro tempo e dominou a partida. Descobri da pior maneira possível que torcer para o Ceará é como torcer para o Galo nos piores momentos do time. Não havia chances deles conseguirem fazer um gol. A vitória já estava dada. Mas, quando a bola cruzou a linha do gol, eu voltei a acreditar.

Quando a bola cruzou a linha do gol, a desesperança foi embora em um sopro. O bar explodiu em êxtase. Eu explodi em êxtase. Pelos vídeos que pipocaram na imprensa, pulei alucinado durante a comemoração. Em algum momento, levantei os braços para o alto, como a agradecer aos deuses do futebol pela graça alcançada. Não me lembro de nada disso. Me lembro apenas do meu cérebro gritando A GENTE VAI SER CAMPEÃO em looping. Os amigos pulando e gritando do meu lado. Os abraços. Os olhos ameaçando começar um choro. Estava acontecendo. Por um milagre, a bola havia cruzado a linha do gol.

Durante exatos oito minutos, cantamos as músicas do time, choramos, agradecemos aos céus, sorrimos e planejamos como chegaríamos até a sede, como seria a carreata do time no caminhão dos bombeiros, como justificaríamos no trabalho que não iríamos no dia seguinte (e nem nos próximos), como faríamos da Praça Sete o nosso novo endereço residencial. O momento que esperávamos há 50 anos estava acontecendo e o atleticano era uma criança no dia do aniversário. Oito minutos. Então a bola cruzou a linha do gol mais uma vez.

Agora imagina só como vai ser quando formos campeões de verdade.