Como já é tradição aqui neste humilde blog, chegou a hora de começarmos as retrospectivas e listas de melhores do ano. Como hoje é o primeiro dia, vamos conversar sobre os melhores filmes assistidos em 2015.
Até o momento que escrevo este post, assisti a 65 filmes, muitos deles graças a um projeto que comecei em outubro chamado “5/década“. Nele assisto 5 filmes de uma década específica da história do cinema e comento sobre eles no canal do YouTube. Já passei pelas décadas de 2010, 00, 1990, 1980 e 1970, todas com experiências memoráveis.
Antes de falar deles, vamos relembrar as listas dos anos anteriores. É bom frisar que a escolha é completamente parcial, baseada apenas nos meus gostos. Até 2012 eu elegia apenas um filme e, a partir de 2013, passei a fazer um top 3:
2010: Empate entre Toy Story 3 e Onde vivem os monstros
2011: ABC do amor
2012: O ano em que meus pais saíram de férias
2013: 3º: As vantagens de ser invisível / 2º: Trilogia “Before…” / 1º: Princesa Mononoke
2014: 3º: O gigante de ferro / 2º: Taxi Driver / 1º: Réquiem para um sonho
2015
O ano começou em ritmo de Oscar, com Wes Anderson em seu Grande Hotel Budapeste. Fui para o espaço com Gravidade e Guardiões da Galáxia; para a infância com Boyhood; e para a cabeça de um homem alucinado com Birdman. Tudo isso e ainda nem tinha acabado o primeiro mês.
Dei uma pausa nos filmes recentes para visitar alguns clássicos. Marilyn Monroe me mostrou que Quanto mais quente melhor; John Cusack levantou seu rádio para mim em Digam o que quiserem; e Liza Minelli me encantou em Cabaret.
Também assisti muitos filmes por causa dos livros. Alex Supertramp me fez companhia Na natureza selvagem; Mary Poppins me emprestou seu guarda-chuva mágico; Annie Wilkes me torturou em Louca Obsessão; entrei no lixão de Trash; acompanhei uma tragédia anunciada em As virgens suicidas; uma revolução chilena em No; e o início de um apocalipse em X-Men: Dias de um futuro esquecido.
Na terra dos filmes reassistidos, a trilogia do anel (versão estendida, lógico) teve o seu lugar especial. Um sonho de liberdade continua maravilhoso quando assistido pela 5ª vez; Quem quer ser um milionário também mantém seu encanto; Os Goonies e Uma cilada para Roger Rabbit são tão divertidos quanto eram na minha infância; e O Rei Leão ainda é o melhor filme da Disney.
O projeto 5/década me possibilitou assistir a filmes tão fodas que qualquer um deles poderia estar neste lista de melhores do ano. Só nos últimos meses assisti Amor; Azul é a cor mais quente; O pianista; Fita Branca; Amores Brutos; Onde os fracos não têm vez; Thelma & Louise; Os bons companheiros; A lista de Schindler; Cinema Paradiso; Bom dia, Vietnã; Touro Indomável; e A Última Sessão de Cinema.
Apesar de serem filmes espetaculares, sempre escolho aqueles filmes que mais mexeram comigo. A onda chegou perto do pódio, com seu experimento louco de criação de um regime autocrático. Star Wars: O despertar da força me deixou com um sorriso de orelha a orelha e aquela sensação de que sim, o J.J. conseguiu. Que horas ela volta? é um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos e bateu na trave. Mad Max foi o grande blockbuster do ano e o filme que me deixou mais tempo sem respirar no cinema. E O Silêncio dos Inocentes não é um clássico à toa, me fazendo até cogitar dar um abraço no Hannibal quando terminei de assistir (e provavelmente perder a orelha).
Dito isso, vamos à lista de 2015:
3º lugar
Há muito tempo não ia ao cinema e tinha uma experiência tão imersiva quanto a que tive em Whiplash. Por três momentos fiquei sentado na ponta da poltrona e apertei com força o braço. A tensão das cenas saía da tela e me invadia. Concentrado, acompanhei a obsessão de Andrew em se tornar o melhor baterista do mundo, ou pelo menos o melhor baterista na opinião do exigente e nada ortodoxo professor Fletcher.
Foi uma situação parecida com a que senti enquanto assistia Cisne Negro, quando fiquei horas sem dormir. Só que dessa vez foi mais legal. Mais musical. Mais obsessivo. E ainda saí do cinema tamborilando na minha perna e com um sorriso no rosto. Só isso já pagou o ingresso.
2º lugar
O futuro já foi imaginado e reimaginado no cinema. A maioria dos filmes nos apresenta uma distopia, com destruição ambiental e governos opressores. Outros apostam no fim da raça humana. Ou em um cenário futurista com carros voadores e roupas prateadas. Poucos são tão reais e humanos quanto Ela.
O filme mais recente do Spike Jonze é uma bela história de amor, passada em um futuro tecnológico que se assemelha muito com o nosso. A presença da tecnologia é tão intrínseca ao cotidiano que o personagem principal se apaixona por um sistema operacional e a gente não estranha isso. A história é tão bonita e tão bem contada que a gente também queria ter um aparelho com a voz da Scarlett Johansson.
1º lugar
“Ain, lá vem ele colocar mais uma animação no topo da lista”. Vou sim. Não posso fazer nada se o melhor roteiro original e o filme mais emocionante do ano veio da Pixar. Já tava esperando um filme bom, mas o que assisti foi mais do que isso. Sabe aqueles 10 minutos iniciais matadores de Up? Esquece eles, os primeiros minutos de Divertida Mente conseguiram me emocionar mais usando apenas elementos simples da vida: as memórias.
Entrar dentro da cabeça da Riley e conhecer suas emoções foi uma experiência única. Mas acompanhar Alegria, Tristeza, Medo, Nojinho e Raiva, não foi nada perto da história contada. Como as memórias são formadas, os momentos-chave, as ilhas, o processo de crescimento e, o principal, a importância da tristeza. É um filme maravilhoso da primeira à última cena e merece essa primeira posição.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.