O ritmo de leitura e de assistir filmes diminuiu drasticamente em 2019, mas o número de seriados vistos… ah, esse eu me superei. Após muitas noites de insônia vividas, acumulei 612 episódios, de 39 séries diferentes (até 22/12). Finalizei algumas maratonas que estava devendo e chego a 2020 com pouquíssimos episódios atrasados.

Tudo isso teve um preço, já que não estou acompanhando algumas séries queridinhas. Como nunca assisti Game of Thrones, nem me preocupei em ver o final. The Handmaid’s Tale, The Marvelous Mrs. Maisel, Barry, This is us e Westworld seguem na listinha da vergonha e talvez eu resolva algumas dessas no próximo ano – mas não é uma promessa.

Dito isso, vamos aos melhores episódios que assisti em 2019.

Adventure TimeCome along with me (s10e13)

Quando fiz a lista de melhores episódios de 2018, falei sobre meu medo de assistir aos últimos episódios de Adventure Time. O capítulo final tinha sido lançado há poucos meses e as críticas estavam muito positivas. Mas eu ainda não queria me despedir de algo que tanto gosto, então adiei até quando a curiosidade não deixou mais. No início deste ano, tomei coragem e assisti. E não me arrependo nem por um segundo.

Come along with me é um especial de 40 minutos, com um desfecho perfeito para cada um dos personagens e de um jeito que só Adventure Time poderia fazer. Os vislumbres do futuro de Ooo deixam mais perguntas do que respostas, criando um mundo novo e intrigante a ser explorado. Temos novos personagens, histórias de amor, de redenção, de superação – tudo em um único episódio. Mas nada é melhor do que o arco do Finn.

O protagonista de Adventure Time sempre foi um moleque impulsivo, que gostava de levar tudo para a porrada. Na última temporada, porém, ele entra em uma jornada de autodescoberta. Ao pensar sobre quem ele é e o que pode fazer para de fato ajudar a livrar Ooo da guerra que se aproxima, ele começa a entender a importância do pacifismo. E abraça isso, em uma jornada muito bonita de ser acompanhada. É um dos finais de desenhos mais incríveis e merece estar na minha lista

(Para completar, leia também este artigo do Film School Rejects sobre o finale – em inglês)

AvatarThe firebanding masters (s3e13) e The southern raiders (s3e16)

Poucas obras conseguiram retratar tão bem as consequências de uma guerra quanto Avatar. Pode parecer exagero, mas um desenho fez isso bem melhor do que muitos filmes, livros e séries por aí. É um retrato perfeito de como o mundo – dividido entre as nações de fogo, terra, água e ar – está sobrevivendo após o desaparecimento do avatar, único com o poder de controlar os quatro elementos e trazer a paz.

Mais do que falar sobre a guerra em si, o desenho mostra as pessoas e as comunidades estão reagindo àquela situação extrema. São casos de aceitação, de resistência, de preparação militar e de angústia pelo futuro. E, no caminho, três jovens tentando entender seu papel nessa trama que os colocou como protagonistas acidentais.

Muitos episódios poderiam ser selecionado para esta lista, mas decidi escolher apenas dois, da temporada final. Coincidência (ou não), eles mostram missões dos protagonistas com o Zuko, filho do líder da nação do fogo, antes da batalha final. São episódios de autodescoberta e mostram o quanto Avatar investe em um bom roteiro e na evolução de seus personagens.

Em The firebanding masters, vemos o real significado da dobra de fogo e o que leva alguém a ser um mestre nessa arte. É um processo de crescimento para o Aang, mas também o é para o Zuko, que tem um dos mais bem escritos arcos de redenção da história dos seriados. Alguns episódios depois temos The southern raiders, no qual a Katara e o Zuko vão atrás de quem matou a mãe da garota. Como se essa jornada já não fosse intensa o suficiente para a dobradora de água, temos também o Aang refletindo sobre o perdão. Tudo isso a dois episódios da grande batalha final, que prometia ser uma grande carnificina.

Por tudo isso, Avatar merece estar nessa lista e, se bobear, até mesmo no meu ranking de melhores séries de todos os tempos.

FleabagEpisode 6 (s2e06)

A grande surpresa deste ano, pelo menos para mim, foi Fleabag. Comecei a assistir de forma despretensiosa porque estreou a segunda temporada no catálogo da Amazon Prime e me apaixonei desde o primeiro episódio. Quando assustei, ela estava lá sendo indicada ao Emmy e ganhando todos os prêmios possíveis.

Admito que isso me deixou com um baita sorriso no rosto, principalmente pela Phoebe Waller-Bridge. O que essa mulher fez no comando da série é incrível. Retratar uma mulher de 30 e poucos anos cheia de dificuldades nos relacionamentos familiares e amorosos sem cair em um clichê é muito difícil. E ela conseguiu fazer isso de forma brilhante, em especial na segunda temporada.

O episódio que selecionei para esta lista é o series finale, no qual é mostrado o fim de todo o arco do padre gostoso e podemos ver o tanto que a protagonista cresceu ao longo de toda a série. A cena final, do ponto de ônibus, é bonita em sentidos que eu nem consigo explicar em um texto. E a olhadinha final para a câmera… ah, essa olhadinha!

Mas não é só esse episódio que é bom, são todos. Então assistam Fleabag. Vai por mim, será a melhor coisa que passará pelos seus olhos em muito tempo.

Parks and RecreationChristmas scandal (s2e12), Win, lose or draw (s4e22) e Leslie and Ron (s7e04)

Este foi o ano em que finalmente fiz a tão esperada maratona de Parks and Recreation. Essa era uma série que eu já tinha certeza que iria amar e assisti-la só me confirmou esse sentimento. Meu amor pela Amy Poehler só cresceu após as sete temporadas e agora quero ver tudo que ela produziu na vida.

Como toda boa sitcom, o charme está nos personagens. Eu me via o tempo inteiro na Leslie Knope, com sua energia para fazer as coisas que ninguém queria fazer e a paixão pelo trabalho. O Ron Swanson é a pessoa que todo mundo gostaria de ser um pouquinho, mesmo que não queira admitir. E não vou ficar me estendendo demais no elenco porque eu ficaria parágrafos falando.

Para esta lista, separei três episódios que mostram a essência da série: como os integrantes do departamento de parques e recreação de Pawnee funcionam bem juntos. Em Christmas scandal temos a equipe entendendo o quanto a Leslie trabalha em prol do bom funcionamento do setor e, no final, temos um quentinho no coração pelo reconhecimento que ela recebe dos colegas.

Win, lose or draw tem uma cara de final de série (o que até poderia ser, já que Parks sempre viveu à beira do cancelamento), com o resultado da eleição para o conselho municipal e a Leslie reconhecendo cada um dos colegas pelo esforço ao longo da campanha, que durou toda a temporada. Em Ron and Leslie entendemos o porquê deles começarem a sétima temporada brigados e vemos uma série de desabafos pesados de se ouvir, mas que culminam neles reatando a antiga amizade.

Para mim, Parks and Recreation entra naquele seleto grupo de séries de comédia que têm um lugar no meu coração. Ela não consegue bater The Office, mas tendo a colocá-la na frente de How I Met Your Mother no meu pódio pessoal.

VeepCrate (s3e09) e East Wing (s4e02)

Tenho um problema muito sério com Veep. Ao mesmo tempo em que acho ela genial, não consigo ter empolgação para fazer uma maratona. Há algum tempo tinha começado a assistir, mas parei por volta da segunda temporada. Agora retornei e, aos poucos, estou finalizando. Ainda faltam três temporadas, mas já foi o suficiente para ter alguns capítulos dignos dessa lista.

A série conta a história de Selina Meyer, uma vice-presidente dos Estados Unidos que não tem muito trabalho para fazer e que é completamente mal assessorada. Os dois episódios que destaquei são, justamente, os que mostram interações sinceras da Selina com um dos membros mais importantes da equipe, o assistente pessoal Gary Walsh. Em Crate, Selina e ele têm um momento de profundo alívio e cumplicidade no banheiro, após ela receber a notícia mais importante de sua vida. Já em East Wing eles têm uma conversa sincera e doída sobre como é o relacionamento dos dois.

Sei que ainda tem muitos bons episódios pela frente e com certeza eles aparecerão na lista do ano que vem!

Menção especial – BoJack Horseman

Nos últimos meses, sempre que me perguntam qual o top 5 de séries da vida, coloco BoJack Horseman no meio. Durante cinco temporadas, acompanhamos a história de um ex-ator de sucesso que precisa lidar com todos os seus fantasmas, cercado por personagens secundários igualmente destruídos mentalmente. É um desenho adulto mais pelos temas que aborda do que pelo uso de palavrões ou sexo. E quer coisa mais adulta do que pessoas com desgraçamento mental?

A primeira metade da sexta temporada, que será a última, estreou em 2019 e não trouxe nenhum episódio ruim. Foram oito pequenas obras-primas televisivas, com discussões relevantes e um encaminhamento para o final, com os personagens tentando dar um rumo minimamente saudável para suas vidas. O episódio que a Princess Carolyn precisa cuidar do novo filho, por exemplo, tem um recurso visual lindo para representar o que virou a vida dela. E isso se repete em todos os outros.

Por ser incapaz de apontar só um episódio para esta lista, faço uma menção especial à temporada inteira de BoJack. Já estou triste por antecipação porque essa delicinha vai terminar no início de 2020.

Melhores dos anos anteriores

Seriados assistidos em 2019

3%, 13 reasons why, Adventure time, Arrested development, Avatar, Bates motel, Big mouth, Black mirror, BoJack Horseman, Brooklyn nine-nine, Club de cuervos, Coisa mais linda, Demolidor, Desventuras em série, Easy, Elementary, Fleabag, Guerras do Brasil.doc, House of cards, Modern Family, Modern Love, Ninguém tá olhando, One day at a time, Parks and recreation, Pokémon, Room 104, Sex education, Silicon valley, Sintonia, Stranger things, The big bang theory, The crown, The end of the f***ing world, The good place, The Sopranos, Tuca & Bertie, Unbreakable Kimmy Schmidt, Veep e Young Sheldon.

Promessas para 2020

  • Tomar vergonha na cara e terminar The Sopranos, Six Feet Under e Mad Men;
  • Assistir The Wire ou Oz;
  • Maratonar 30 Rock ou Friday Night Lights;