Este ano brilhei na categoria seriados. Foram cerca de 700 episódios assistidos, o que dá quase 2 por dia. Sabe como isso chama? Desemprego. É ótimo para manter as séries em dia, mas péssimo para a conta bancária. Enfim, foi um tempo bem gasto.
No total, foram 29 séries diferentes assistidas. Estou em dia com todas as que acompanho regularmente, adicionei outras na minha lista constante e maratonei algumas que queria maratonar há tempos. Continuei sem assistir algumas coisas que prometi que assistiria, mas segue a vida. Acontece.
Enfim, vamos aos melhores episódios que vi em 2016.
House of cards – Chapter 14 (s2e01), Chapter 26 (s2e13) e Chapter 52 (s4e13)
Para corrigir o erro de ainda não ter assistido House of cards, fiz uma maratona no início deste ano. O objetivo era assistir tudo antes do lançamento da 4ª temporada e não perder o hype. Vi o primeiro episódio, o segundo e, quando assustei, tinha terminado as três temporadas disponíveis. Me encontrei vendido às tramas de Frank e Claire Underwood, imerso em toda a sujeira da política norte-americana. Em alguns momentos, inclusive, até torcendo para os dois se darem bem.
Escolhi três episódios que trouxeram todo o clima de conspiração e tensão da série até o momento. No primeiro episódio da segunda temporada, temos a conclusão surpreendente do arco que envolveu a jornalista Zoe Barnes. Já os episódios finais da 2ª e 4ª temporadas são a concretização dos planos dos Underwood. Eles terminam de uma forma tão impactante que foi impossível deixá-los de fora. Da mesma forma que foi impossível deixar House of Cards de fora dessa lista.
Black Mirror – The entire history of you (s1e03), Be right back (s2e01) e White Christmas (Especial de Natal)
Ouvi falar de Black Mirror pela primeira vez no final do ano passado. Assisti vários vídeos e ouvi podcasts cheios de elogios para a série britânica, então minha vontade de assistir se multiplicou por mil. Quando a Netflix anunciou a nova temporada e colocou as anteriores no catálogo, minha única reação foi assistir.
A cada episódio era uma pancada nova na boca do estômago. Eu estava assistindo a uma distopia tecnológica tão próxima da nossa realidade que foi impossível ficar bem depois de um episódio qualquer. Os três que destaquei como os melhores do ano são, disparados, os que mais me causaram incômodo.
Meu preferido é The entire history of you, que traz uma tecnologia simples para gravação de imagens através do olho, mas que proporciona a pior discussão de relacionamento desde Antes da meia noite. Por causa de Be right back, repensei todos os meus oito anos de histórico no Twitter e imaginei o quão fácil seria reconstruir algo que se comporte como eu. Já White Christmas traz o John Hamm (de Mad Men) em um pequeno conto de Natal sem final feliz para ninguém.
A terceira temporada foi interessante, mas nenhum episódio conseguiu bater o quanto esses três mexeram comigo. Se não assistiu Black Mirror ainda, vá assistir agora. Só não faça uma maratona, é um conselho para você manter a sanidade mental.
Demolidor – New York’s Finest (s2e03)
Marvel acertou em cheio com a primeira temporada de Demolidor. Uma série que fala de super heróis, mas que, ao contrário dos filmes, é pé no chão ao extremo. Todos os personagens são carismáticos e temos o melhor vilão que o estúdio nos entregou até hoje. Ou seja, a segunda temporada tinha a difícil missão de superar a anterior. A primeira metade dela, pelo menos, conseguiu. Escolhi para esta lista o episódio que Matt Murdock enfrenta o Frank Castle no telhado de um prédio. A luta não é o mais importante aqui, mas sim o confronto ideológico. Mais do que uma batalha física, os dois se enfrentam a partir de suas formações morais. O resultado é mostrar que eles não são tão diferentes assim, apenas têm uma forma de lidar com o crime que diverge em seus princípios. Frank Castle mostra que o Demolidor talvez não esteja resolvendo o problema. Ao mesmo tempo, Matt Murdock mostra que o Justiceiro pode estar fazendo isso pelos meios errados. No fim, um episódio do caralho.
That 70’s show – That 70’s finale (s8e22)
O ano de 2016 foi marcado por uma grande maratona: That ’70s show. Confesso que só assisti porque entrou no catálogo da Netflix, mas fui fisgado logo nos primeiros episódios. A história do Eric Forman e seus amigos durante a década de 1970 em uma cidade que nada acontece é muito bem trabalhada. As idas e vindas de romances e da própria vida, sempre com muito humor, me deixaram preso por muito tempo na frente da tv.
Existem diversos bons episódios ao longo das temporadas (tirando a última, que é bem abaixo das anteriores), mas decidi escolher o series finale porque ele traz de volta tudo que estávamos acostumados e que funcionou na série. O retorno do Eric Forman é apropriado para mostrar que ele fazia falta ali, que a história dele e da Donna ainda estava inacabada. E ver a última roda de maconha no porão é algo que faz qualquer um ficar com um sorrisinho no rosto.
Gravity Falls – Gideon Rises (s1e20)
Tenho vários amigos saudosistas dos desenhos antigos. “Hoje nada mais presta, na minha época era melhor”, eles dizem. Meu único recado é: assistam Gravity Falls. Que desenho, amigos! Ele acompanha os gêmeos Dipper e Mabel, que vão passar as férias na casa do tivô Stan. Ao chegarem, eles se veem imersos nos mistérios da cidade de Gravity Falls e descobrem que há algo estranho rolando por ali.
O clima de mistério me ganhou logo no primeiro episódio, mas ele não seria nada sem o carisma dos personagens. O Dipper é um moleque esperto, curioso e que está sempre atrás da verdade das coisas. A Mabel é a doçura em pessoa, com uma personalidade curiosa e sempre disposta a ajudar o irmão. O tivô Stan é de uma grossura ímpar, mas sempre fica com o coração mole com os sobrinhos-netos. Isso sem falar na lista de personagens secundários, que só melhoram o que já era excelente.
Gideon Rises pode não ser o melhor episódio da série, mas escolhi por ser o primeiro a ligar um alerta na minha cabeça. É o episódio final da primeira temporada, quando vemos que aquele mundo é maior do que imaginávamos, que os vilões tinham planos grandiosos e estavam dispostos a fazer de tudo para conquistar seus objetivos. Sem contar os mistérios que começam a surgir e envolvem vários dos personagens principais.
Stranger Things – The upside down (s1e08)
Não é absurdo dizer que Stranger things foi, ao lado de Game of thrones, a série mais faladas deste ano. Começou como algo pequeno e ganhou proporções absurdas à medida que as pessoas foram assistindo. O burburinho tem justificativa. Há muito tenho não surgia uma série tão delicinha quanto essa.
A saga da pequena cidade de Hawkins para encontrar o jovem Will Byers me ganhou logo na segunda cena, quando os meninos disputavam uma partida de RPG. Percebi o carisma do elenco infantil naquele momento e, quando aparece a Eleven, a série fica melhor ainda. Aquele clima gostoso de filme dos anos 1980 pesa na hora de avaliar, mas as referências não seriam nada se o material não fosse bom. E ele é bom demais.
The upside down é a conclusão da primeira temporada. É quando encontramos o demogorgon e descobrimos o que raios aconteceu com o Will durante os oito episódios. Ele também nos enche de perguntas para o futuro, abrindo um caminho de possibilidades interessantes para a segunda temporada. É um episódio que não poderia faltar nesta lista.
The Crown – Assassins (s1e09)
The Crown foi a maior surpresa do ano. Não esperava nada de uma série sobre a vida da rainha Bete e encontrei uma produção de época impecável. Figurinos, design de produção, atuações e um roteiro tão bonito que transforma aquelas figuras que já conhecemos em personagens tridimensionais cheios de contradições internas. Cada um dos (muitos) dólares investidos pela Netflix foram bem gastos.
A série não se chama “A coroa” à toa. O que é mostrado ali não é apenas a família real vivendo diversas aventuras, mas sim o peso que a coroa traz para a cabeça de cada um. O príncipe Philip é uma figura complicada, mas você entende o porquê dele ser assim nos pequenos detalhes, dele não querer ser a sombra dentro da realeza. O rei George VI é um sujeito que nunca esperou receber a coroa, mas cumpre suas funções com dignidade. O grande destaque, porém, é a rainha Bete, vivida pela Claire Foy, que encara as contradições entre ser uma mulher, filha, irmã e, ao mesmo tempo, rainha soberana de várias nações.
Escolhi Assassins para esta lista porque ele se foca no melhor personagem da série: Winston Churchill. O ator John Lithgow faz um trabalho tão bom como o primeiro ministro britânico que, por muitas vezes, me esqueci que era um ator e não o próprio Churchill ali. Neste episódio, em especial, conhecemos as fraquezas do premier e o vemos encarando o próprio envelhecimento. A forma gradual como isso acontece é bonita demais. Terminamos o episódio querendo dar um abraço nele e dizer que vai tudo ficar bem.
Menção especial – Freaks and Geeks
Freaks and Geeks está presente em todas as listas de melhores séries que foram canceladas na primeira temporada. Eu, imbuído de uma descrença absurda, desdenhei cada um desses ranking. “Se fosse tão boa não tinha sido cancelada”, pensava, no alto da minha arrogância. Nunca antes estive tão enganado.
A série acompanha dois grupos de jovens, os freaks e os geeks, no ambiente escolar. O foco é na família Weir e começa quando a filha mais velha, Lindsay, decide largar a imagem de boa moça e começa a andar com um grupo de desajustados. Estes são os freaks, jovens que não se encaixam nos padrões e vivem no próprio mundinho, cabulando aula e fumando maconha pelos cantos. Já o irmão da Lindsay é o Sam, um típico nerd cercado por amigos tão nerds quanto ele. Mas o menino também está cansado dessa imagem e tenta (sem muito sucesso) se livrar dela.
O mais legal da série é a forma como ela constrói cada uma das histórias. Os personagens crescem demais em apenas uma temporada e, mesmo os secundários, ganham camadas e camadas que nos fazem entender a motivação de cada um. Não é uma comédia rasa. Ela tem um roteiro muito forte e nos pega de jeito em diversos momentos. Sem falar que é o início da patotinha do Seth Rogen, James Franco e Jason Segel, um grupo de atores que hoje em dia faz muita coisa junto.Como são apenas 18 episódios, vale a pena assistir a série inteira.
Melhores dos anos anteriores
– Melhores de 2015
– Melhores de 2014
– Melhores de 2013
– Melhores de 2012
Seriados assistidos em 2016
Black Mirror, Brooklyn Nine-Nine, Club de Cuervos, Cosmos, Demolidor, Easy, Elementary, Freaks and Geeks, Gilmore Girls, Girls, Gravity Falls, House of Cards, Love, Modern Family, New Girl, Once Upon a Time, Pokémon, Sex and the City, Sherlock, Sillicon Valley, Stranger Things, That 70’s Show, The Big Bang Theory, The Crown, The Get Down, The Inbetweeners, The Office (UK), The Walking Dead, Unbreakable Kimmy Schmidt.
Promessas para 2017
– Tomar vergonha na cara e terminar Mad Men, Sopranos e Six Feet Under;
– Maratonar Seinfeld;
– Assistir The Wire.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.