Se em 2012 falhei miseravelmente na tarefa de assistir filmes, o mesmo não pode ser dito com relação a seriados. Até 9 de julho (data do meu último registro), já havia visto 418 episódios, o que daria uma média de mais de 1 episódio por dia, durante todo o ano. Isso foi há cinco meses e, com certeza, esse número cresceu bastante de lá pra cá.
Como nem tudo é perfeito, deixei de ver muitas séries queridinhas da crítica, principalmente dramas. Não assisti nada da Breaking Bad, Game of Thrones, Homeland, Downton Abbey ou Mad Man. Na área das comédias, faltou Louie, 30 Rock, Parks and Recreation e 2 Broke Girls. Todas essas são séries que estou com muita vontade de assistir, mas ainda não vi.
Dito isso, vamos aos melhores episódios de seriados que eu assisti em 2012.
Sherlock – A Scandal in Bealgravia (2×01) e The Reichenbach Falls (2×03)
Muitos tentaram dar uma roupagem moderna para os clássicos contos de sir Arthur Conan Doyle, mas só Steven Moffat conseguiu (ouviu, Guy Ritchie?). Se a primeira temporada de Sherlock (BBC) já havia sido muito acima da média, a segunda foi além do esperado e estabeleceu um padrão novo em questão de adaptações. Logo no primeiro episódio, os fãs de Holmes (e me incluo no grupo) foram agraciados com a beleza de Irene Adler, a única mulher a mexer com o coração de Sherlock e também a única a derrotá-lo. Foi um episódio perfeito. Já o terceiro trouxe o vilão máximo – Professor Moriarty – em um roteiro nada menos que brilhante, com um desenvolvimento inteligente e um final que remete diretamente ao conto de referência e nos deixa curiosos para a terceira e última temporada, que só será gravada em 2013. Destaque máximo para o Holmes interpretado por Benedict Cumberbatch e para o Watson de Martin Freeman. Para mim, os dois melhores episódios do ano, disparados.
The Walking Dead – Days Gone Bye (1×01) e Killer Within (3×04)
Comecei a assistir The Walking Dead só esse ano, mas bastaram os primeiros minutos de Days Gone Bye para me apaixonar pela série. Quando terminei o primeiro episódio, a única coisa que consegui falar foi: “Que piloto do caralho!”. Lembra do quão foda é o início de Lost? Pois é, o de The Walking Dead é tão foda quanto. Ao invés de uma história barulhenta e com muita violência sobre zumbis (que era o esperado), o piloto investe em um silêncio profundo, uma filmagem perfeita das primeiras HQs escritas por Robert Kirkman. Depois a série cai em um monte de escolhas duvidosas, mas acerta os rumos da metade da segunda temporada até o fim. A terceira temporada começou fodona e permanece assim. Killer Within é um dos belos representantes dessa nova safra, que mostrou que ninguém (ninguém mesmo) está a salvo, além de iniciar a derrocada psicológica do Rick. Nem precisa falar que estou muito ansioso pelos novos episódios, em 2013.
Once Upon a Time – Hat Trick (1×17)
Quando estreou, não dava nada por Once Upon a Time. Comecei a assistir pelo simples prazer de ver ti colé qui era da parada. Então me apaixonei pelo roteiro e não consegui desgrudar mais. Criada por dois dos roteiristas de Lost (Adam Horowitz e Edward Kitsis), a história da maldição que levou os contos de fadas para o mundo real passa longe de tudo que já conhecemos. Os contos que decoramos desde criança são subvertidos, tramas novas são criadas, origens são modificadas. Se essa fosse uma lista de 2011, com certeza The heart is a lonely hunter (que conta a história do caçador da Branca de Neve) e That still small voice (sobre o Grilo Falante) estariam na lista, pois são os episódios que mais gosto. Como os assisti em 2011, vou colocar outro episódio que está no meu Top 5: Hat Trick. Nele, a história do Chapeleiro Louco (sim, o mesmo de Alice no País das Maravilhas) é revirada e ganha um pano de fundo lindo, com implicações que influenciam diretamente o futuro da série. Apesar dos efeitos especiais serem sofríveis, a série me ganha no roteiro. E, pra mim, isso é o que mais importa.
New Girl – Fancyman (1×17 e 1×18)
Toda boa série de comédia tem aquele ponto-chave, no qual tudo começa a funcionar bem e o seriado ganha um novo sentido. Para New Girl, esse momento foi o episódio duplo Fancyman. Admito que no início só assistia porque tinha a minha e só minha Zooey Deschanel, mas a partir desses dois episódios deu aquele clique e percebi que a série era realmente boa. Todos os personagens (menos o Winston, que até hoje não entendo bem) funcionaram pela primeira vez e pudemos ver Jessica Day, Nick Miller, Schmidt e Cece realmente como um grupo de amigos e passamos a nos importar com cada um deles. Isso sem contar o fator comédia, que foi atingido com louvor nesses episódios.
Community – Digital Estate Planning (3×20)
Achou que ia faltar Community nessa lista? Lógico que não. É impossível deixar de fora o seriado que mais arrisca narrativamente e que consegue episódios geniais com uma frequência absurda. Mesmo este sendo um episódio que foge da história principal do grupo de estudos, Digital Estate Planning é um dos grandes exemplos da criatividade e do excesso de referências da série. Boa parte dele se passa dentro de um jogo 8-bit, com as características que só quem jogou games dessa época consegue entender. Desde os gráficos, a sonorização e os detalhes. Tudo é nada menos do que genial. Pontos para Community, que deveria ter um especial de duas horas somente em 8-bit.
Girls – Welcome to Bushwick a.k.a the Crackcident (1×07)
A série escrita e dirigida por Lena Dunham é um tapa na cara de todas as outras séries que falam que a vida de um recém-adulto é só maravilhas. Quatro amigas vivem em uma Nova York bem distante da que vivem os personagens de Sex and the City ou mesmo Friends. É um ambiente pesado, no qual os personagens têm problemas reais e se fodem o tempo inteiro. Assim como acontece com a gente, na nossa própria vida. O auge disso tudo é o episódio Welcome to Bushwick, que traz um roteiro fantástico e consegue extrair o que há de melhor em todos personagens. É como li uma vez no Série Maníacos: “Essa porra é tão real que machuca”.
The Newsroom – We just decided to (1×01)
Gosto muito do estilo Aaron Sorkin de construir um roteiro. Nos últimos dois anos, ele concorreu ao Oscar duas vezes justamente por causa disso (ganhou por A Rede Social e perdeu com O homem que mudou o jogo). Diálogos rápidos, cheio de referências, com críticas sociais afiadas. Tudo isso está presente em The Newsroom, sua nova empreitada na televisão. Não conheço seus trabalhos antigos (Studio 60 on the Sunset Strip e West Wings), mas só pelo que ele apresentou aqui me deu muita vontade de correr atrás. O piloto de The Newsroom é o cartão de visitas perfeito para o público, feito com uma agilidade impressionante, com uma trama envolvente e sem deixar de apresentar aquilo que será desenvolvido em toda a temporada. Mesmo que soe idealizador em alguns momentos, o piloto não deixa de agradar. Sem contar que é uma série sobre o jornalismo e, principalmente, sobre a notícia, minha profissão e minha paixão. Pra mim, o melhor piloto lançado esse ano.
E para vocês, quais episódios foram mais marcantes em 2012?
Menção especial
Pela primeira vez, fiz uma maratona de Friends esse ano. Não me orgulhava nem um pouco de nunca ter assistido à série completa, então peguei as 10 temporadas e, desde o final de 2011, comecei a assistir. Esse ano vi da 3ª a 10ª temporada e muitos episódios mereceriam estar nessa lista. Vamos a eles (posso ter esquecido algum, então me ajude nos comentários):
The One Where No One’s Ready (3×02); The One With The Free Porn (4×17); The One Where Everybody Finds Out (5×14); The One that Could Have Been (6×15 e 6×16); The One with the Nap Partners (7×06); The One with the Holiday Armadillo (7×10); The One Where They’re Up All Night (7×13); The Last One (10×19 e 10×20)
Todos os seriados assistidos nesse período
Community, Elementary, Episodes, Friends, Girls, Glee, How I Met Your Mother, How to make it in America, Lost, Modern Family, New Girl, Once Upon a Time, Sherlock, Six Feet Under, The Big Bang Theory, The Inbetweeners, The Glee Project, The New Normal, The Newsroom, The O.C., The Walking Dead, True Blood e Wilfred.
Promessas para 2013
– Terminar Six Feet Under
– Terminar Lost
– Começar Breaking Bad / Homeland / Mad Man
– Tomar vergonha na cara e continuar a assistir Louie
– Maratona Fringe
– Escolher entre 30 Rock e Parks and Recreation
– Ler os livros d’As Crônicas de Gelo e Fogo antes de assistir Game of Thrones
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.