Acordou no horário habitual, ainda de madrugada. Preparou uma xícara de café forte e, para acompanhar, um pão de sal dormido. Sonolento, foi para o chuveiro e tomou um banho gelado para aguentar o dia. Vestiu o terno e foi para o escritório. Papelada de um lado, carimbos do outro. Autenticações, notas fiscais, assinaturas, documentos, e-mails. O almoço foi no restaurante em frente, no qual o dono o conhecia pelo nome. Voltou para sua sala. Mais autenticações, notas ficais, assinaturas, documentos, e-mails. No horário habitual, saiu do serviço e foi para casa. Tomou banho, comeu qualquer coisa e foi assistir a um filme. Dormiu no meio e só acordou na manhã seguinte, para fazer tudo de novo.
Era só mais um dia normal. E a vida é assim mesmo, cheia de dias em que nada acontece. Nestes, não há momentos de suspense ou com fortes emoções. Não há clímax. Eles simplesmente existem. Assim como esta crônica.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.