Glee sempre teve um problema com roteiro. Esse é um dos grandes pontos negativos da série desde o início, com falhas de continuidade, personagens que aparecem e desaparecem sem motivo e músicas em momentos inapropriados. Admito que assisto Glee desde que o começo e vou continuar assistindo. Mesmo com todos os defeitos, acho divertido e as músicas são bacanas. Porém tem alguma coisa diferente no início de terceira temporada e ainda não consegui definir se é bom ou não.
A temporada começou com Ryan Murphy acertando pontas abertas da temporada anterior e lidando com a saída de Sam (Chord Overstreet) do elenco, com uma justificativa meia-boca para isso. Mas foi então que a coisa começou a caminhar em um trilho que nunca tinha visto Glee entrar: um roteiro.
Sim, um roteiro. Parece que resolveram investir mais nisso este ano, com Rachel, Finn e Kurt como destaques da temporada. Colocando nesse grupo também Quinn, Mercedes e Puck, os seis estão preocupados com o futuro, já que é o último ano para boa parte deles e isso os impacta de forma diferente.
Rachel está surtando mais do que o normal. Depois de perceber que seu talento não será suficiente para entrar em uma excelente escola de música, ela está passando por cima das emoções de tudo e de todos para conseguir o que quer. Isso é típico da Rachel e, em algum momento, espero que eles dêem uma boa dose de aprendizado para ela, porque não é possível não aprender nada nos últimos dois anos.
Kurt é outro que se vê na mesma situação de Rachel. Para conseguir o estrelato que tanto deseja, está concorrendo a líder de turma contra a própria Rachel e contra a Brittany. No meio disso tem que lidar com o relacionamento com Blaine, que por enquanto está na fase de lua de mel, mas depois vai piorar. Mercedes está trilhando um caminho solo, revoltada por ter sido sempre colocada em segundo plano e agora quer os holofotes para ela.
Finn, Quinn e Puck fazem parte do time dos perdidos no mundo. O futuro é incerto e o que está sendo desenhado para cada um segue caminhos bem diferentes. Puck está cada vez mais in love com a filha. Quinn quer a guarda de qualquer jeito porque está se sentindo solitária e sem perspectivas. Finn está sem saber o que fazer do futuro e, para mim, é o personagem que mais cresceu com esse foco no roteiro. Se bobear, inclusive, é ele quem vai dar a lição que a Rachel merece.
Glee continua com um monte de problemas na narrativa. Tem personagens demais e não dá para concentrar e desenvolver todos de uma vez. Eu me lembro da primeira temporada de Lost, em que eram muitos personagens, muitos mistérios e todos conseguiram ser bem desenvolvidos. Desculpa comparar Lost com Glee, mas isso deveria ter sido feito lá no início e não foi. Está sendo feito agora e, por isso, os fãs da série acostumados com o ritmo não estão curtindo tanto. Somando isso às performances musicais que deixaram de ser meros espetáculos para enfim fazer parte da história, eu entendo quem não está gostando.
Mas enfim vejo uma melhora. E isso dá uma pequena esperança para continuar acompanhando o desenvolvimento da série.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.