“Observo a mim mesmo em silêncio
Porque é nele onde mais e melhor se diz
Me ensino a ser mais tolerante, não julgar ninguém
E com isso ser mais feliz”
Forfun – Morada
Quando 2011 terminou, minha situação de vida não estava nada boa. Sem estágio ou perspectiva de futuro na universidade, precisava encontrar ânimo pra seguir em frente. A realidade ainda não tinha batido à porta e, até o final de dezembro, não tinha percebido que havia me enfiado em um poço profundo e quase sem volta. Quando 2012 veio, constatei o quão fácil é se afundar cada vez mais quando já se tem lama até a cintura. No fim de 2013 decidi dar os primeiros passos para escalar o poço e tentar sair de lá. Deu certo. Terminei o ano esperançoso de que 2014 seria um ótimo ano.
Se for pra pensar de forma racional, realmente foi. Naqueles pequenos passos que me propus a dar, consegui dar os maiores de todos e posso dizer que já enxergo a luz do sol novamente. Aliás, acho que posso dizer que 2014 me ajudou a sair do poço de vez e hoje estou sentado na beira dele, segurando o balde e contemplando o horizonte. E o que vejo é um grande nascer do sol com diversas oportunidades.
Foi em 2014 que assumi para mim mesmo que quero viver da escrita, independente de ser com ficção ou jornalismo. Tatuei no pulso pra não me esquecer disso nem nos momentos mais difíceis. Abracei de vez a literatura, comecei projetos, encerrei outros e me diverti no caminho. Foi com um prazer enorme que guiei aquilo que estava fazendo por prazer, ocupando todos os meus momentos livres. Por outro lado, essas doses de alegria começaram a desgastar aquilo que eu fazia sem tanto prazer.
Isso aconteceu no final do ano. Dezembro não foi um mês fácil e levei pequenos socos de realidade no estômago que me fizeram baquear. Termino o ano de forma melancólica e pensando muito. Pensando nos rumos e no que quero da vida. Sabe aquela vista bonita que eu tinha do alto do poço? Começou a parecer assustadora demais. Parece tranquila à primeira vista, mas de onde estou não consigo avistar meus sonhos. Eles não estão em lugar nenhum e isso me preocupa. Pra completar, estou confortável no alto do poço. Ele parece o lugar certo para estar nesse momento e eu abraço com mais força o balde, me apegando ao que tenho. O problema é que o alto do poço é o lugar de onde é mais fácil cair lá para dentro de novo.
Tudo que sei é que não quero voltar para aquele lugar que estive durante 2011 e 2012. Fiz muito esforço pra sair e só depende de mim continuar fora dele. O objetivo de 2015 é dar os primeiros passos fora desse lugar, sentir a grama nos meus pés e encontrar o caminho que vai me deixar feliz. Sei que os tropeços virão, já que não tenho muita coordenação motora. Estou me preparando para os futuros machucados. Meu maior sonho é chegar na próxima crônica de exorcismo e dizer não consigo mais avistar o poço.
Torçam por mim e fiquem do meu lado como vocês sempre estiveram. Vou precisar.
Como este é um texto mais emocional e escrito no impulso, não vou revisar. Provavelmente vai ter erros, mas peço que relevem. É um exorcismo, não uma aula de gramática.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.