Não há o que contestar: o Cruzeiro será o campeão brasileiro de 2013. E com honras. Não adianta falar que o campeonato está nivelado por baixo ou que não tem nenhum time brigando na ponta. Nada apaga o bom futebol que a raposa vem apresentando desde o Campeonato Mineiro. É preciso entender que a instabilidade dos outros times não é culpa do time celeste, que fez a parte dele e pode ganhar o caneco com cinco rodadas de antecedência. Vitória mais que merecida.
Do mesmo jeito que é impossível contestar a vitória do Galo na Libertadores. Uma fase de grupos brilhante e jogos mata-mata que garantiram a emoção para o resto do ano. As defesas do Victor, os gols salvadores nos últimos minutos, o desespero na cara da torcida. Sem dúvidas as melhores cenas do futebol brasileiro em 2013 e um título que muitos aguardaram por décadas de sofrimento sem fim.
Então, que fique registrado na História do Futebol: 2013 é o Ano de Minas. Foi quando os times da capital venceram a desconfiança de muitos e conquistaram o Brasil e a América. Duas histórias diferentes e dois times que deixaram sua marca. Um veio com um planejamento a longo prazo, com um treinador há mais de dois anos no cargo e grandes estrelas. O outro conseguiu se reestruturar e apresentar um crescimento que nem o mais otimista torcedor esperaria no final de 2012. Nenhum dos dois teve medo de partir para cima e fazer gols, coisa rara em um ano com uma média tão baixa de gols. Nenhum dos dois abaixou a cabeça diante das dificuldades que apareceram no caminho. Enfrentaram adversários temidos por sua camisa e poder, mas conseguiram chegar vivos no final.
Mais do que isso, as boas fases de Atlético e Cruzeiro fizeram com que Belo Horizonte passasse a viver um estado de felicidade eterna. As brigas futebolísticas deram lugar a amenidades. Qualquer provocação celeste encontra o milagroso pé esquerdo do Victor e volta. As zuações alvinegras batem no tricampeonato nacional do rival e voltam. E os dois riem e ficam satisfeitos dentro da própria felicidade.
Um exemplo disso aconteceu comigo hoje:
– E seu Galo ontem, hein?
– Normal perder pro Botafogo fora de casa. Seu Cruzeiro é que foi bem!
– Foi mesmo. Até assustei com a virada do Criciúma, mas depois o time reagiu.
– Pois é, eu já tava #FechadoComAZueira quando o Criciúma virou, mas sabia que o Cruzeiro tinha time pra virar.
– Isso mesmo. Respeita o líder!
– Você é quem tem que respeitar o dono da América, rapaz!
Depois dessa conversa, eu e o cruzeirense demos uma risada e começamos nosso jogo de totó. O assunto futebol voltou algumas outras vezes, mas sempre em clima amistoso. Falamos dos outros times, trocamos elogios sinceros ao adversário, gritamos os nomes dos ídolos quando o jogador de ferro marcava um gol. Uma saudável rivalidade como há tempos não era vista por essas terras.
Afinal, 2013 é o ano de Minas.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.