Foto: Pedro Souza / Atlético
A partida contra o Athletico levou a extremos o mantra “Não posso, hoje tem jogo do Galo”. Marcar um jogo decisivo para as 16h de uma terça-feira pós-feriado foi uma evidente tentativa de sabotar o proletariado alvinegro. Tive o privilégio de voltar para casa a tempo, mas a televisão permaneceu ligada de um lado e o computador do outro. Um olho no Hulk, outro nos e-mails. A voz que gritava com o time era a mesma que mandava áudios para os clientes. Tudo simultâneo, pois foi assim que quiseram fazer a gente sofrer dessa vez.
O jogo em si foi um encontro de comadres, modorrento como apenas um titulares contra reservas consegue ser. O Athlético poupou os melhores jogadores pensando na final da copa Sul-Americana. Já o Galo entrou com força total – dentro dos limites das convocações e do Departamento Médico, lógico. O xará entrou com a proposta de ficar fechado e, na maior parte do primeiro tempo, conseguiu. Enquanto isso, o Galo ciscava a área adversária em busca de uma brecha, mas era difícil. Ela só veio no finalzinho dos 45 minutos iniciais, quando uma bela troca de passes chegou aos pés de Zaracho, que guardou. Como ninguém queria mais nada com a vida, o jogo terminou assim mesmo.
Não quero aqui ficar pedindo um espetáculo a cada jogo, sei que um campeonato de pontos corridos se ganha é com a regularidade das vitórias. Por isso, me pus a fazer as contas do que a gente precisa para ser campeão – e me desculpem os superticiosos, fazer conta é a única coisa que me acalma nesse momento. Os dados a seguir são todos do incrível Futdados, que merece todo o reconhecimento por fazer essas compilações sobre o Brasileirão.
O Galo tem 71 pontos e afundará de vez as chances do Palmeiras com mais uma vitória, pois os alviverdes só podem chegar a, no máximo, 73. O Flamengo é uma questão mais complicada, podendo chegar a 81 pontos se tiver 100% de aproveitamento até o final do campeonato – dez a mais do que temos hoje. Se pegarmos o histórico, porém, o cenário é mais do que favorável. Nos últimos seis jogos, temos 83,3% de aproveitamento contra 77,8% dos rubronegros. No segundo turno, essa relação é de 74,4% contra 66,7%. Além disso, das seis partidas que faltam, o Galo tem três em casa, onde tem um aproveitamento impressionante de 90,0%, com 13 vitórias consecutivas.
Pensando de forma realista, é possível termos vitórias contra Juventude e Fluminense e um empate contra o Palmeiras. Pelo menos com um golzinho podemos contar nesses jogos, já que o time marcou em 90,6% dos jogos disputados. E as chances de não levar gol também são altas, uma vez que o Galo tem a melhor defesa do campeonato e passou 46,9% dos jogos sem levar gol. Assim, a batalha contra o Bahia, fora de casa, poderá ser o momento da insalubridade atleticana. Se vier antes, melhor ainda, porém vamos trabalhar aqui com a realidade.
Aliás, quem sou eu para ficar especulando essas coisas? Não quero ser o culpado por nada de ruim que aconteça a esse time, então não fiz conta nenhuma. Continuo cético do título e a torcida me acompanha nessa. A notícia antes do jogo do Galo contra o Athlético Paranaense era de que faixas de bicampeão Brasileiro vendidas na porta da Arena da Baixada não tinham saída. Ninguém queria comprar, com medo da zica. Por enquanto, o título do Brasileirão é aquele-que-não-deve-ser-nomeado.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.