Nunca um título pareceu tanto com nome de filme da Sessão da Tarde. E o enredo também não deixa a desejar. “Uma turminha da pesada aprontando poucas e boas num galinheiro do barulho. Esse frango passa por tantas confusões que você vai até sentir pena dele”.

Tudo bem, dramatizei um pouco, mas a sensação de derrota na segunda de manhã foi parecida com assistir a um filme na Sessão da Tarde. Espera um pouco, eu falei de manhã? Esquece. Foi de madrugada. Aquele galo velho caquético resolveu voltar das férias forçadas e você sabe o que isso significa? Que minhas aulas de “Como ser um galo” estão de volta. Pra ser bem simpático, ele já me acordou bem cedo para ir cantar e acordar o galinheiro inteiro.

Quando eu tiver dinheiro, prometo que vou comprar um despertador para cada maldita galinha desse lugar. Não tem coisa mais insuportável do que ter que subir no telhado e cantar. Minha voz é péssima pra isso. Aposto que ninguém fica muito feliz de ser acordado com ela. Mas como não tenho como fugir das obrigações, vou ser atormentado o ano inteiro pelas lições de “como ciscar corretamente”, “teorias e métodos de uma boa alimentação” e “o canto perfeito”.

Se bem que, pensando um pouco mais, nada vai ser pior que as aulas de “como conquistar as galinhas”. Estou sendo treinado para ser o garanhão reprodutor da granja e, na teoria, isso é interessante. Mas aquele velho usa técnicas que funcionavam em 1920. Ele não percebeu que as galinhas e os tempos mudaram.

Não que eu seja um expert e consiga me aproximar delas. Sou um frango, oras, esperava o que de mim? Não sei tomar atitude quando preciso e não é com uma aula que vou aprender. O pior é que tenho certeza que as galinhas de 1920 não eram iguais às atuais. As de hoje em dia são mais independentes, mais cheias de atitude e pensamentos, coisas que aquele velho maldito nem imagina.

E eu aqui, tendo que escutar a ladainha dele. Isso o ano inteiro. Tenho que arrumar uma galinha logo pra ver se isso para.

Vou desativar meu antigo blog, o “Memórias de um frango”. Para isso, vou resgatar as crônicas que estavam postadas lá, dar uma repaginada e trazer para cá. Quando postei essa crônica, tinha ficado quase um mês sem postar no blog. Coincidiu com o início de dois estágios voluntários que fiz no período. Também era o começou do 3º semestre da faculdade, conhecido como o semestre que peguei 12778362365 matérias teóricas e morri. Sumiços como esse seriam frequentes a partir de agora.