É curioso como surge uma ideia.
Às vezes ela chega de mansinho e se instala no canto do cérebro. Tal como uma planta, precisa ser cultivada desde a semente e tratada com carinho para crescer. Aos poucos, no próprio ritmo.
Às vezes ela chega chutando portas e ocupa o cérebro inteiro. Tal como uma erva daninha, pode surgir de uma hora para outra e se tornar sua maior preocupação. Subitamente, no próprio ritmo.
Ela pode surgir enquanto você toma banho, conversa com o chefe, anda de ônibus, transa com a namorada e até mesmo enquanto dorme. Ou pode simplesmente não vir, justo no momento em que mais se precisa. Quando ela se instala, não nos deixa em paz. Só sossega quando finalmente a tiramos da cabeça e realizamos suas vontades. Somos meros escravos dessa senhora geniosa, que usa e abusa do chicote para que a obedeçamos.
Nesse último ano, várias delas têm me atormentado. A forma que encontrei de silenciá-las foi colocando no papel. Elas ficam felizes. Eu também fico feliz.
É por isso que não consigo passar um dia sequer sem escrever algumas linhas. É por isso que o blog tem sido atualizado com tanta frequência. É por isso que fico tão feliz em ter atingido a marca de duzentos posts. E atingir duzentos posts de um material completamente original é muito importante pra mim.
Porque só eu sei o quanto algumas das ideias me atormentaram. Quantas das crônicas ficaram por dias martelando em minha cabeça até que as silenciasse. Quantas vezes precisei transformar realidade em ficção para me livrar de alguns demônios. Tudo com um simples jogo de ideias e palavras.
E não nego: gosto de escrever pra caralho. Desde que criei o blog, minha intenção era praticar a escrita, seja com resenhas, crônicas do cotidiano, crônicas sérias, reflexões sobre a vida ou sobre um frango. Acho que aos poucos estou fazendo isso.
Porque às vezes uma ideia grita tão alto que precisamos dar ouvidos a ela. A forma que encontrei de fazer isso foi pela escrita. E nada me dá tanto prazer quanto fazer isso.
Se você está chegando ao blog agora, um Top 10 dos textos mais bacanas (na minha opinião) desde o 100º post até hoje:
– A Razão e as Mulheres
– Olhe e veja
– Kryptonita
– O que você sacrificaria por seus objetivos?
– No seu lugar
– A batalha de Hyrule
– Reflexões galináceas sobre o Dia da Mulher
– P.U.T.A.S (Profissionalização Universitária dos Trabalhos de Atendimento Sexual)
– Europa, Oceania e outro continente qualquer
– Reflexões sadomasoquistas de um frango
E, lógico, as Crônicas de Lugar Nenhum, escritas pelo meu amigo Caeté (a.k.a. Rafael Fontana)
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.