A vida sexual da mulher feia
Claudia Tajes
Publicado em 2010
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Ler A vida sexual da mulher feia em um ônibus lotado de mulheres foi uma experiência tão única quanto ler uma Playboy nas mesmas condições. Eu explico.
Os dois casos vão atrair a atenção de quem sentar do seu lado. É meio que inevitável. Quando inventei de ler a entrevista da Sandy na Playboy de agosto, a mulher do meu lado me olhava com uma cara que variava de curiosidade a nojo. Não consegui distinguir muito bem.
Com A vida sexual da mulher feia foi parecido. Quando comecei a ler, de manhã, quase apanhei de uma mulher feia que sentou do meu lado. Na volta e já terminando o livro, uma menina de uma escola estadual sentou do meu lado e duas amigas delas ficaram em pé. As três passaram o caminho inteiro comentando sobre o livro, sobre mim e chegaram até a anotar o nome da autora. Elas pensaram que só porque eu estava com fones não ouviria… ledo engano.
Enfim, foi uma experiência única ler esse livro em público. O principal fator a chamar a atenção é o título, que é instigante. Tenho que admitir que foi
por causa dele que comprei o livro. À primeira vista pode parecer auto-ajuda ou mesmo dicas de “como lidar com a feiúra”, mas não é disso.
Mes estou enrolando demais para começar a crítica, então vamos lá. Tudo
gira em torno da história de Jucianara que, como todos podem imaginar, é uma mulher que se vê como feia – gorda, com pele, cabelo, boca e
pernas destruídos, peitos caídos e cara cheia de espinhas. Isso não sou eu dizendo, mas sim a própria Ju, que faz o papel também de narradora.
Por isso, o livro não rompe a barreira do ridículo e passa a ser engraçado. É alguém que se vê como feia contando experiências com homens, rindo das próprias desgraças e falando dos problemas. É formulado como uma tese, com os conceitos teóricos que guiarão o trabalho (“o nome”, “a criação” e “a psique”); uma introdução com as primeiras experiências (primeiro amor, primeiro beijo e primeira transa); o desenvolvimento da tese, ou os homens com que ela se relacionou; e a conclusão.
Não tem porque não gostar da protagonista, que narra os casos com tanto bom humor. Todos são trágicos, nada dá certo, mas ela conta os problemas sem se importar com isso, como uma “feia” bem resolvida (se é que isso existe ou se acabei de inventar). É uma leitura rápida, de linguagem bem coloquial e que faz com que você nem perceba as páginas faltando. Um
ótimo livro para ler e se divertir, sem esperar muito mais que isso.
Aliás, não posso terminar o texto sem falar do final anticlimático. Sem dar spoilers, o que posso falar é que o tom humorado cai para um “todos têm problemas” que me deu certa preguiça. Podia ter terminado lá em cima, mas caiu no final. Apesar disso, não estragou a diversão!
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.