Viagem ao céu
Monteiro Lobato
Publicado em 1932
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Continuando a saga dos livros de Monteiro Lobato, hoje é dia de mais um do Sítio do Picapau Amarelo: Viagem ao céu.
Escrito em 1932, o livro conta as aventuras da turma do Sítio no espaço sideral. Pedrinho, Narizinho, Emília, Doutor Livingstone (o Visconde de Sabugosa reconstruído), Conselheiro (o burro falante) e Tia Nastácia cheiram o pó de pirlimpimpim e partem rumo ao desconhecido. Lá eles encontram São Jorge e o dragão, o cometa Halley, anjos caídos, estrelas nascentes, além de passearem por vários planetas.
Assim como fez nos livros anteriores que li (Reinações de Narizinho e O Saci), Lobato se apropria de elementos externos à sua mitologia para incrementar o livro. No caso de Viagem ao céu, esse elemento são os ensinamentos sobre astronomia. Porém, assim como em O Saci, a aventura ficou de lado pelo excesso de informação. Pedrinho tornou-se, de uma hora para outra, o maior especialista em assuntos do espaço, capaz de decorar as distâncias entre planetas, suas circunferências e tamanho da superfície. Ele também sabe tudo sobre as constelações, estrelas e corpos celestes. Em muitos momentos parece que estamos dentro de um livro de ciências do ensino fundamental.
Outro problema também é na utilização dos personagens. Lobato vai se livrando deles aos poucos, como se não soubesse o que fazer com eles quando chegasse em determinado lugar. Ele abandona o Doutor Livingstone logo no começo da história, larga a Tia Nastácia na lua, some com o Conselheiro e chega até mesmo a desaparecer com o Pedrinho. Além disso, nesse livro Narizinho não passa de um zero à esquerda, já que ela não faz nada de importante.
Dos três que li até agora, esse com certeza foi o que menos gostei. Vale pelo caráter informativo e pela diversão que as tiradas da Emília sempre causam.
Viagem ao céu
Monteiro Lobato
Editora Globo, 2011 (publicado em 1932)
111 páginas
ISBN: 978-8525050441
P.S.: O Visconde é o personagem mais rejeitado de todo o Sítio do Picapau Amarelo. Ele foi criado em Reinações de Narizinho, lá ele mofou, foi esquecido no meio dos livros, foi explorado pela Emília e morreu. Em Viagem ao céu ele é recriado com outro nome, se perde no espaço e fica lá o livro inteiro. Acho que o Lobato era meio masoquista.
P.S.2: É legal perceber que Plutão ainda não tinha sido descoberto na época do lançamento do livro, então não há nenhuma referência a ele. O livro passou muito tempo com essa informação faltando e só voltou a ser atual em 2006, quando Plutão caiu pra Série B dos planetas.
P.S.3: A tese de que tudo no Sítio só existe por causa das drogas continua em pé. Vejam esse trecho:
“- Foi o pó de pirlimpimpim que nos trouxe – respondeu Pedrinho. E dessa vez foi São Jorge que ficou na mesmíssima.
– Não conheço semelhante droga – disse ele -, mas deve ser das mais enérgicas…”
P.S.4: Ou Xbox One? ~apagar~
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.