Os três mosqueteiros
Alexandre Dumas
Publicado em 1844
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Athos, Porthos, Aramis e d’Artagnan. Impossível pensar em um dos nomes e não lembrar imediatamente dos outros três. Os três mosqueteiros apresenta uma das amizades mais leais da literatura mundial, na qual quatro amigos não medem esforços para ajudar um ao outro. Você provavelmente conhece a história, pois foram feitas inúmeras adaptações para diversas mídias, mas ainda assim vale falar um pouco sobre ela.
Tudo começa quando d’Artagnan sai de casa para buscar o sonho de ser mosqueteiro. De posse de um cavalo capenga, uns trocados e uma carta de recomendação, o rapaz de então dezoito anos parte para Paris com a intenção de encontrar o senhor dos mosqueteiros e pedir um lugar em suas tropas.
É no castelo do sr. de Tréville que conhece Athos, Porthos e Aramis, os inseparáveis e intrépidos mosqueteiros, fieis ao rei da França, Luís XIII. E d’Artagnan, na primeira oportunidade que tem, consegue arrumar confusão com os três, desafiando-os para duelos no mesmo lugar, com diferença de uma hora entre cada um deles.
Na hora marcada para a primeira batalha, os três aparecem e a confusão é montada. Mas na hora que o duelo começaria, soldados do cardeal chegam e os interrompem. Tomado por sua impulsividade, d’Artagnan, mesmo sendo uma “criança”, se posiciona ao lado dos mosqueteiros e é decisivo para a vitória. E, como diria J. K. Rowling, “há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro”, d’Artagnan entra para o grupo com louvores.
A partir de então, a história do livro começa de fato. Intriga da corte francesa, traições amorosas, batalhas por dinheiro e guerras por conta de uma mulher são apenas alguns dos temas abordados. Além disso, temos uma vilã que consegue deixar todos a seus pés graças à beleza, sedução e lábia. E todas essas características combinadas fazem dela uma das personagens mais detestáveis da literatura, pois consegue tudo o que quer, do jeito que quer.
Essa foi só uma panorâmica da história, porque se fosse passar por tudo que ocorre nas 788 páginas da minha versão, a crítica ficaria tão grande quanto o livro e ninguém (nem eu mesmo) deseja isso. Mas por que você deveria ler tantas páginas por uma história que já foi adaptada tantas vezes?
Se nada que falei aqui te convenceu ainda, então vou apresentar os motivos que me levaram a apreciar tanto o livro. Ao contrário do que faço nas demais críticas, vou escrever este texto sem uma pesquisa prévia, então serão apenas impressões que tive sobre a obra.
A narrativa é frenética. A cada capítulo acontece algo que te deixa preso à história e com ganas para acompanhar o capítulo seguinte. Isso é uma característica dos folhetins, que precisavam conquistar o leitor e prendê-lo a cada semana. Por outro lado, por ele ser tão grande, são muitas as teias narrativas que vão se encontrando para conseguir chegar ao final sem nenhum nó.
Por essa variedade de tramas, d’Artagnan (que é o protagonista, pois é em torno da sua história que tudo gira) muitas vezes é deixado de lado e sequer aparece. Em uma das sequências mais importantes para a história, quem é a protagonista é Milady e seus encantos. São cem páginas sem sinal de d’Artagnan, o que imprime uma forma interessante de ler a história.
Outro ponto que merece destaque são os personagens. Cada um com suas características, todos apresentam diferentes facetas e escondem algo sobre a sua vida e seu passado, importante para a construção de seu caráter. O passado de Athos, o presente de Aramis e Porthos e o futuro de d’Artangnan são determinantes para mostrar como eles reagem a determinadas situações e porque eles são tão bons como um grupo. Além disso, o cardeal, o rei, a rainha e o duque de Buckingham são todos tão bem construídos que a trama gira em torno de suas personalidades e atitudes.
E também temos Milady, uma das mais encantadoras e detestáveis vilãs da literatura. A forma como ela é capaz de raciocinar, manipular e conseguir o que deseja faz com que qualquer vilão da novela da Globo se torne um anjinho (desculpa Nazareth). É preciso vê-la em ação para entender o quão odiosa pode ser uma personagem tão bonita.
Fato é que Os três mosqueteiros é o melhor livro que li esse ano. E olha que li Peter Pan, então dá pra ver o tanto que gostei dele.
Os três mosqueteiros
Alexandre Dumas
Editora Zahar, 2011 (originalmente em 1844)
792 páginas
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.