Os justiceiros
Stephen King
Publicado em 1996
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Ao terminar de ler Os Justiceiros, fiquei com uma pergunta na cabeça: será que ele é realmente bom como estou pensando? Não gosto de escrever logo após terminar de ler, mas vou experimentar algo diferente aqui e organizar minhas ideias ao longo do texto. Vamos por partes, então, falando primeiro do autor.
Richard Bachman é o pseudônimo de Stephen King, criado para que ele publicasse obras que escreveu antes de Carrie ou que nunca tinham sido aceitas pelas editoras. Além disso, o pseudônimo servia para publicar mais de uma obra por ano e testar se seus livros eram bons ou só vendiam pelo nome do autor. A “mentira” foi mantida até 1985, quando descobriram que Bachman e King eram a mesma pessoa.
Isso significa que o espírito do King está nessa obra e dá pra ver que ela tem muito do estilo do autor, tanto nos bons quanto nos maus aspectos. Antes de começar a falar sobre eles, vamos a uma pequena sinopse.
Tudo ia bem na rua Álamo, em Wentworth, Ohio, quando um furgão vermelho desce a rua e mata o menino que entregava jornal e o cachorro de uma das famílias a tiros. A partir de então todo mundo é um possível alvo e quem está por trás de tudo é um dos moradores, ou melhor, algo que habita um desses moradores.
É muito difícil resumir o enredo sem contar muita coisa, mas é isso aí. Tudo começa na mais perfeita ordem, com crianças comprando chocolate na lojinha da esquina e Cary Ripton entregando os jornais. Um dia normal até a chegada do furgão vermelho, que assassina Cary e Hannibal, o Pastor Alemão da família Reed.
O assassinato e a apresentação dos cerca de 25 personagens ocorre nas primeiras 20 páginas. Ou seja, dá pra perceber o que isso causa no resto do livro: muitos personagens sem desenvolvimento de personalidade, o que gera mais confusão para o leitor. Ainda bem que a edição traz um mapa da rua Álamo com o nome de quem mora em cada casa. Foi a ele que recorri toda vez que tentei lembrar quem era quem e porque raios ele estava morrendo.
Sim, outro ponto é que a carnificina rola solta. Além de serem pouco desenvolvidos, os personagens simplesmente morrem e deixam parentes e amigos no total desespero. Enquanto isso, há uma história paralela para contar porque as pessoas estão morrendo e qual a fonte do pânico.
É nesse ponto que King comete outro deslize que compromete a leitura. A causa de todos os problemas é uma criatura hiper-mega-blaster-fodona chamada Tak, que manipula a mente do autista Seth para criar as ilusões baseadas em desenhos infantis e matar todo mundo. O problema é que em nenhum momento é descrito o que raios Tak é, de onde veio e qual a motivação para tanto ódio contra pessoas normais. Aí é foda imergir naquilo se não há nem uma gota de explicações.
Apesar destes problemas de narrativa e construção de personagens, Os Justiceiros tem um mérito grande: a tensão que permeia a história. Como disse, a primeira morte acontece em menos de 20 páginas e, com ela, o clima entre os moradores começa a pesar. Ninguém sabe o que está acontecendo e todo mundo espera ser o próximo cadáver.
A maneira que o King conduz a história faz com que tudo se torne mais tenso. A narrativa é permeada por dois momentos: a luta pela sobrevivência e a história da possessão de Tak. Recursos como diários e cartas permeiam a história, voltam no tempo e te deixam mais tenso ainda para saber o desenrolar dos dois momentos.
Fiquei muito tenso depois de ler o livro. Em algumas partes soltei um “puta que pariu, não é possível”, conversando sozinho. Por mais que tenha curtido esse clima tenso, as partes negativas existem e é bom reforçar cada uma delas. Vale a leitura, mas espere um banho de sangue e algumas não-explicações.
Os Justiceiros
Richard Bachman
Objetiva, 2001
239 páginas
P.S.1: Os Justiceiros é o livro gêmeo de Desespero, lançado sob o nome do próprio King. Ainda não li, mas parece que os dois utilizam os mesmos personagens, mas desenvolvidos em realidades paralelas. De acordo com o que vi, em Desespero a história de Tak é melhor explorada. Além disso, as capas dos dois se completam. Olhem só as que achei por aí.
P.S.2: Queria compartilhar com todos que atingi a marca de 49 livros em 2011. Não resta mais nenhum livro não lido na minha lista de compras desse ano, então vou entrar o ano zerado. Se quer ver o que li esse ano ou o que eu estou lendo é só dar uma olhada no meu Skoob. Aceito presentes em 2012!
P.S.3: Se tiver um cachorro vou chamar ele de Hannibal.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.