Eragon

Christopher Paolini
Publicado originalmente em 2002
Tradução: Nelson Rodrigues Pereira Filho

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“Graças ao senhor Tolkien, o século XX teve todos os duendes e magos de que precisava”. Foi com essa frase que Stephen King mostrou que ainda não estava preparado, aos 19 anos, para escrever a série da Torre Negra. Mas o Christopher Paolini decidiu que queria fazer isso e construiu seu próprio mundo fantástico.

Eragon, seu primeiro livro, foi lançado oficialmente quando o autor tinha apenas 20 anos e foi um best seller na época. Mas, lendo hoje, ainda faltava uma coisa muito importante para o autor, ainda iniciante: a originalidade.

Vou contar a sinopse e, enquanto você lê, vá pensando em todas as etapas da Jornada do Herói. Pronto? Então vamos lá… O livro conta a história de Eragon, um rapaz que vive na terra de Alagaësia e que foi abandonado pelo pai e mãe, sendo criado pelo tio. Aos 15 anos, encontra um ovo de dragão e se descobre como um dos lendários Cavaleiros de dragões. A partir disso sua vida se torna um inferno. Sua família é ameaçada e ele se vê numa jornada com Brom, um contador de histórias que passará todos os ensinamentos que possui para Eragon, e Saphira, sua dragoa. A missão é destruir o Império e seu chefe, o Cavaleiro Galbatorix. No meio da história nos vemos em um mundo mágico, cercado por elfos, anões e os malignos espectros e urgals.

Ou seja, ele seguiu à risca a cartilha da Jornada do Herói. Isso sem falar na clara inspiração em Frodo, Anakin Skywalker, Obi-Wan Kenobi, Terra média, Sauron, Saruman, orcs. Só pra citar alguns elementos presentes neste livro. A história não é tão original e os personagens seguem uma linha que já conhecemos. Depois de tudo que foi dito, a frase do King no início do texto faz muito mais sentido. Se ele achava que aos 19 anos escreveria uma cópia barata de O Senhor dos Anéis, imagina alguém com 15 anos tentando fazer o mesmo?

Mas levando tudo isso em consideração, o livro valeu o dinheiro gasto na promoção do Submarino. A história dos Cavaleiros de Dragão criada por Paolini torna tudo mais interessante. A relação de cumplicidade entre Saphira e Eragon mostra o quanto os personagens conseguiram crescer ao longo de toda a jornada e de como cada treinamento e cada perda teve um significado para o seu desenvolvimento.

A leitura é simples, mas às vezes o autor se prende demais a descrições sem sentido. Tá, o Tolkien é um dos meus autores preferidos e ele faz isso também. Mas ele é o Tolkien, né? Não sei como o Christopher Paolini vai se comportar nos próximos livros, principalmente porque eles são maiores que o Eragon. Mas vamos lá… Eldest me espera.

Eragon
Christopher Paolini
Rocco, 2005 (originalmente em 2002)
468 páginas
Tradução: Nelson Rodrigues Pereira Filho