Antes que comecem a me xingar, eu amo Belo Horizonte radicalmente. Acho uma cidade ótima para se morar e para criar filhos, sem falar que tem lugares bem bacanas para se visitar. Se você for turista, vale passar três ou quatro dias só aproveitando a vida, tanto diurna quanto noturna. Para isso, dê uma googlada e com certeza você vai achar excelentes indicações.

O objetivo deste post é outro. Sabemos que toda cidade tem os seus passeios furados e aquelas coisas que não chegam nem perto das expectativas geradas. Para mostrar que BH não é o Texas à toa, separei sete lugares que podem dar aquela brochada durante uma viagem para cá.

1) Aeroporto de Confins
Se você chega a Belo Horizonte de avião, as chances de você ser enviado para Confins são enormes. O “enviado” na frase anterior não foi usado em vão, já que nem na capital o aeroporto fica. Para sair de lá é preciso escolher entre vender seu rim para pagar um táxi ou comprar a passagem de um dos ônibus que ligam a cidade ao aeroporto, que demora quase uma hora pra chegar ao centro de BH (sem contar o trânsito, lógico). A propósito, quando for descer aqui não se assuste com a quantidade de mato ao redor do aeroporto. Belo Horizonte pode ser uma roça mas em algum momento você verá civilização, te juro.

Reparem na ausência de civilização em volta

2) Rodoviária
Caso sua opção tenha sido a rodoviária, tenho péssimas notícias. Além de descer em um dos pontos mais perigosos do centro de Belo Horizonte, a primeira impressão que você terá da capital não é das melhores. Sendo bem direto, a rodoviária é feia. Muito feia. A saída dela, então, além de feia é confusa. Se eu, que moro aqui e sempre frequento, fico perdido na hora de sair de lá, imagina quem é turista? Já falei que lá é feio? Inclusive é um dos lugares mais feios do baixo centro (e olha que o baixo centro é bem feio).

Não se deixe enganar pelas plantinhas. Essa é o único lado mais ou menos da rodoviária

3) Praça Sete
Poucas coisas são mais decepcionantes em Belo Horizonte do que a Praça Sete. A começar que, seguindo as tradições da cidade, ela não é uma praça propriamente dita, mas sim um cruzamento de avenidas. O que tem na Praça Sete? Absolutamente nada. Aliás, tem o pirulito, que é este obelisco da imagem abaixo. Mais nada. Até tem uns quarteirões fechados em volta, mas não é um lugar muito agradável para se sentar e trocar ideia com os amigos. A não ser que você goste de jogar dama com velhinhos, só assim vai ser um programão.

Ele, o pirulito

4) Barragem da Lagoa da Pampulha
A Lagoa da Pampulha é parada obrigatória para quem vem em Belo Horizonte. É lá que estão as obras do Niemeyer, os jardins do Burle Marx, o Jardim Zoológico, o Mineirão e, de quebra, uns jacarés e umas capivaras. Ela tem um único problema: o fedor. A Lagoa da Pampulha é completamente poluída e,desde que me entendo por gente, eles estão tentando tratá-la. Nunca conseguiram. Tem um ponto específico que é o que mais fede. Se você vier visitar a Lagoa, evite passar perto da Barragem (que é a parte da Lagoa virada para o Aeroporto da Pampulha) para não sentir o doce aroma de ovo podre que emana daquele lugar. É de tirar o apetite de qualquer um.

A foto é de 1940 e a barragem até já rompeu depois disso, mas é bem parecido com o cenário atual.

5) Praça Raul Soares
Ao contrário da Praça Sete, a Raul Soares é uma praça. Tem canteiros, caminhos e até uma fonte de água. Só não é um lugar muito agradável. Feita em formato de bola, ela também serve como o encontro de avenidas importante e sua principal função é confundir os motoristas. Já para os pedestres, o lugar não é dos mais seguros. A única vez que sentei em um os bancos da Praça, veio um mendigo e me contou a vida inteira dele, tudo entre goles de Brahma e catuaba. Foi divertido? Foi, mas não sei se é uma experiência que deva ser vivida.

 
Ela parece até ser simpática quando vista do alto. Não se engane.

6) Baixo centro
Falando em lugar feio, temos o baixo centro. Essa é uma região que não é delimitada oficialmente, mas compreende a rodoviária e todas as área entre a Praça Sete e a Avenida do Contorno, descendo a Amazonas. É uma região com prédios pseudo-históricos meio abandonados pelo tempo, dos shopping populares e dos puteiros. Comer na região é sempre uma roleta russa, pois pode vir algo muito bom ou uma infecção estomacal. A escolha é sua.

A lindeza em forma de rua

7) Rua do Amendoim
Das grandes lendas urbanas de Belo Horizonte, a Rua do Amendoim é a mais furada de todas. Dizem que se você deixar o carro solto nela, vai ter a impressão de que ele está subindo sozinho. Isso seria um incrível fenômeno de ilusão de ótica que dá a impressão de que a rua é um aclive quando, na verdade, ela é um declive. Seria lindo e mágico, mas eu nunca consegui ter essa impressão. Pra mim o carro sempre desce. Deve ser problema pessoal que ela tem comigo, não é possível.

Porra, até na foto parece que ela é um morro. Juro que na vida real não parece.


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