Pela primeira vez desde 2017, meu contador de músicas ouvidas no Last.fm ficou abaixo da casa das 30 mil. Mas, como destaquei em todas as listas deste ano, meu mundo não existiu a partir de outubro e, por isso, não ouvi praticamente nada em novembro e dezembro. Como minha média costuma ser de 3 mil músicas/mês, está bem explicada a diferença.

Apesar disso, segue interessante ver alguns dos meus padrões e das minhas obsessões ao longo do tempo. Já é o quinto ano fazendo este ranking, então algumas coisas começam a se repetir mais e aprendi a identificá-las como parte da minha personalidade. Outras novas surgiram e passaram a integrar a lista, por mais curioso que elas possam parecer quando vistas de longe. Apesar disso, acaba tendo alguma unidade nessas escolhas, eu juro.

E vale lembrar que todos os números abaixo foram retirados do meu perfil no Last.fm. Como ele é integrado ao Spotify, os resultados são bem próximos à realidade. Dito isso, vamos às listas:

Artistas mais ouvidos

Apesar de eu ter ouvido menos músicas em relação aos anos anteriores, 2022 marcou o recorde de artistas que passaram pelos meus ouvidos: foram 8.139 contra 7.494 do ano passado – que já havia sido recorde. Isso acaba refletindo um pouco no meu top 10, que possui cinco novos artistas em relação ao último ano. Não é nada significativo porque são coisas que já estou acostumado a ouvir, mas é bom dar uma refrescada de vez em quando.

O topo, porém, segue intacto. Braza está mais uma vez na primeria posição, mas dessa vez tem uma razão forte para isso. Com o retorno dos shows, fui com um amigo assistir os caras. Isso tradicionalmente puxa os índices para cima, então explica eles estarem de novo no alto. Nessa brincadeira, eles já são o 7º artista mais tocado da minha série histórica, muito próximos de alcançar o Calle 13.

Calle 13, aliás, que se manteve da lista de 2021 para a de 2022. Ao duo portorriquenho se juntam Fresno, Panic! at the disco e Djonga. A única coisa que muda aí são as posições, que, em via de regra, caíram. Fresno desceu dois lugares, Panic! saiu de 2º para 9º e o Djonga foi de 4º para 10º. Ou seja, novos artistas passaram a ocupar o top 5.

Baco Exu do Blues está ali em uma curiosa 2ª posição, de forma completamente orgânica e que não vi chegando. Ouvi um bocado de Capitães de Areia, 20 ligações e Girassóis de Van Gogh ao longo do ano, mas o cara é bom mesmo e merece cada play. Charlie Brown Jr. também está em uma posição curiosa, porque ouço apenas eventualmente. Pelo jeito esse “eventual” foi mais constante do que imaginei ao longo de 2022, com destaque para as clássicas Papo reto e Só por uma noite. Já Ludmilla sei bem porque chegou à 4ª posição. Os pagodinhos dos álbuns Numanice (1 e 2) estiveram presentes em vários momentos do meu ano, o que contribui para ter ouvido bastante Maldivas, Socadona e Ela não.

Para completar a lista de novidades (que não são tão novidades assim), minha lista ainda tem Anitta e Forfun. A primeira entrou porque Envolver estava presente em praticamente todas as playlists que ouvi, então ajudou demais ela a subir no ranking. Já Forfun é um caso de amor antigo, que vira e mexe aparece. Ouvi bastante os álbuns antigos (Teoria dinâmica gastativa e Das pistas de skate às pistas de dança), então músicas como Histórias de verão, Hidropônica e Cara esperto voltaram pros meus ouvidos.

Músicas mais ouvidas

A lista mais imprevisível do ano é sempre a de músicas mais ouvidas. Por deixar meu Spotify ligado em playlists aleatórias o dia inteiro, não dá para prever o vai aparecer no final do ano. Isso é tão real que só uma música se repete em comparação ao ano passado. Além disso, só duas eu coloquei para tocar por livre e espontânea vontade.

Avenida é uma delas. A música abre o álbum mais recente do Braza (EITA), que está entre os mais ouvidos do meu ano. É dançante, divertida, e me deixa tão bem que talvez algumas pessoas já tenham me visto balançando ao som dela na rua sem querer. A outra é Se tá solteira, do padrinho FBC. Essa música é um deleite, com aquele toque gostoso de funk do início dos anos 2000, e um refrão poderoso demais. De vez em quando eu tô de bobeira e começo a gritar CHARMOSA, CHEIROSA, NOSSA… QUE MULHER GOSTOSA!

Todas as outras são reflexo da indústria da música e do algoritmo do Spotify na minha pessoa. Comentei acima que Envolver, da Anitta, estava em todas as playlists e isso contribuiu para ela estar na 1ª posição. As it was, do Harry Styles, também foi onipresente, mas, para mim, foi a música do ano. Por diversas vezes me peguei cantarolando ela sem nem perceber, de tão gostosinha. Malvadão 3 e Dançarina dominaram as paradas brasileiras (e o Tiktok), então nada mais normal do que elas estarem no meu top 10.

O resto da lista também não foge muito desse padrão. Stay, do The Kid LAROI com o Justin Bieber, é um resquício de 2021 que continuou tocando demais em 2022, sendo a única que se repete. Lil Nas X conseguiu emplacar uma canção no meu top 10 pelo segundo ano consecutivo, com Industry Baby. Luísa Sonza e grande elenco também marcaram presença com a chiclete SentaDONA. Por fim, Doja Cat é uma artista que curto bem e, pelo segundo ano seguido, também colocou mais uma música no meu top 10, com Woman.

Álbuns mais ouvidos

A lista dos álbuns mais ouvidos não apresenta muitas surpresas em relação aos artistas que mais tocaram. Dá para ver ali na lista o incrível QVVJFA?, do Baco Exu do Blues; o EITA, do Braza; o Numanice #2, da Ludmilla (que perdeu uma oportunidade de ouro de chamar o álbum de Noutranice); e o Teoria Dinâmica Gastativa, do Forfun – todos que estão entre os meus mais ouvidos. Junto tem BAILE, do FBC, que pra mim é o melhor álbum do ano e aquele que sempre botei com prazer para degustar.

Já alguns dessa lista são figurinhas carimbadas desde sempre. A trilha de Hamilton e a mixtape do musical compõem quem eu sou, então é muito difícil elas ficarem de fora. A trilha sonora de Moana também não é nenhuma surpresa. Além de ser do meu homem Lin-Manuel Miranda, tem dias que estou no clima de ouvi-la e só isso me acalma. E a presença de um álbum de pokémon só ocorreu devido a um surto, em que fiquei dias trabalhando o tempo todo ouvindo isso.

Mas a grande surpresa é Un verano sin ti, do Bad Bunny. Muito disso se deve a esse álbum ter sido um sucesso absurdo no mundo inteiro, a ponto de ocupar praticamente todos os rankings do Spotify e se tornar quase onipresente. Mas não dá para negar que é uma produção incrível, com ótimas músicas, e que vale ser ouvido de cabo a rabo.

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