Oi, meu nome é Frango e sou um viciado em Copa.
(Todos dizem: “Ooooooooi Frango”)
Estou há mais de um dia sem futebol. Entrei em um sério estado de abstinência e os primeiros sintomas já começaram a se manifestar. Sinto tremeliques pelo corpo, meus olhos procuram a tv a todo instante e minhas penas arrepiam toda vez que escuto um “Ô Ê ÁÁÁÁ!”. A voz do Galvão, então, é capaz de me dar orgasmos múltiplos. E como hoje não tem jogo, pretendo ficar abraçado às minhas patas e chorar em posição fetal, pois é a única coisa que tenho forças pra fazer.
Bem, é basicamente isso o que vem acontecendo durante os dias sem jogos da Copa. Nem do poleiro tenho vontade de sair, tamanha depressão. Assisto a reprises dos jogos, mesas redondas, compacto de melhores momentos, jogos de Copas passadas, o BBB da Granja Comary. Até assinei o paper view da Globo pra ter acesso ao dia a dia dos jogadores na concentração. Acompanhei a hora do café da manhã, a sessão de fotos com a torcida e todas as ações de marketing em primeira mão (#JogaPraEle, ou não). Foi uma festa. O dinheiro mais bem gasto do mês, com certeza. Minha única reclamação é que as câmeras do campo de treinamento deviam estar estragadas, já que ficam mostrando uma imagem estática do campo vazio. Espero que a Globo corrija isso até sexta, caso contrário vou querer meu dinheiro de volta.
Calma, perdi o raciocínio. Onde eu tava mesmo? Ah sim, na filha da puta da Fifa. Essa desgraçada tem total consciência de que Copa é algo que vícia e sabe bem tratá-la como tal. Primeiro gera expectativa na gente. Depois insere uma dose cavalar na nossa veia. Teve dia com quatro jogos, vê se pode. Então vai diminuindo a dose. Tem dias que nem Copa tem. Aí volta com jogos emocionantes, decisões, vexames históricos, semifinais, finais. E, de repente, acaba. Como se nada tivesse acontecido. Ela entrega o troféu pro campeão, desarma o circo e vai embora. Esquece que deixou um bando de viciados pra trás que agora vão ter que se contentar com Brasileirão. Legado é o caralho.
Por isso que as galinhas daqui só se interessam por futebol de quatro em quatro anos. Imagina o tédio delas se tivessem que assistir a Botafogo x Chapecoense? Ou a Figueirense x Flamengo? Troco seis meses desses jogos por outro Irã x Argélia. Mas se a CBF, que devia se preocupar com isso, está pouco se fudendo pro Brasileirão e pros times daqui, quem sou eu pra tentar mudar algo. O máximo que posso fazer é reclamar muito no Twitter e torcer pra não ter minha conta bloqueada.
O reflexo desse descaso é que a maioria das galinhas desistiu de acompanhar os jogos depois da humilhação que a Alemanha aplicou em nossa seleção. Elas tiraram as decorações do galinheiro e tudo mais. Algumas ensaiaram até queimar uma bandeira brasileira, mas parece que umas galinhas sensatas interromperam o “protesto” antes delas consumarem o ato. O engraçado é que eram essas mesmas galinhas que estavam gritando que eram brasileiras com muito orgulho e com muito amor. Bizarro, pra não dizer outra coisa.
Enquanto elas desistem de torcer, eu me agarro aos últimos fiapos de Copa que restam. Faltam só mais dois jogos e depois *puff* acabou. Dois jogos. Um que não vale nada e a grande final. A FINAL, PORRA! É pra arrancar as penas do pescoço de tanta tensão. Não sei como vocês estão aguentando e, pior, não sei como vocês estão encarando essas perspectiva de conseguir viver quando acabar a Copa. Já estou tomando antidepressivos, só por precaução.
Aliás, como não custa nada perguntar, quando a gente pode ter outra Copa do Mundo aqui no Brasil, dona Fifa?
Começou a escrever em 2008 para fugir de uma rotina massante no galinheiro e descobriu que era bom naquilo. Ou pelo menos achava que era, já que nunca conseguiu dar nenhum beijo na boca por seus textos. Dizem por aí que continua virgem, mas ele nega.