Brisingr
Christopher Paolini
Publicado originalmente em 2008
Tradução: Waldéa Barcellos e Alexandre Elia
Comecei a leitura de Brisingr desarmado, pois sabia que a história não terminaria por ali e que seriam mais 700 páginas rumo ao último volume. Talvez tenha sido isso que me ajudou a gostar bastante da experiência.
Não vou nem falar do principal problema porque ele se mantém em todos os volumes: o excesso de detalhes. Muitas partes poderiam ser resumidas e até mesmo excluídas, sem prejuízo para o andamento da história. Faltou a mão firme do editor, mas ela não existiu em nenhum dos três livros. Então se você estiver disposto a se entregar ao enredo e não ligar para isso, há um prato cheio em suas mãos.
Mas quando o Paolini anunciou que Brisingr não seria o último livro, muita gente torceu o nariz, falando que ele estava fazendo tudo para gerar mais dinheiro. Ao ler o que era para ser o volume final, porém, você percebe que a escolha foi acertada. Se em Eldest já havia ocorrido uma evolução visível, em Brisingr a coisa aumenta de complexidade e não teria como ser concluída.
Se eu pudesse resumir o livro em uma palavra seria “política”. A necessidade de Nasuada se impor como líder dos Varden e dos povos nômades, unificando homens, anões, elfos e urgals em torno de um objetivo comum; a disputa com o rei Orrin por causa da guerra iminente; o grande conselho dos anões e a escolha do novo líder; as decisões de Eragon. Tudo isso contribui para deixar o livro mais denso, com um conteúdo mais adulto e sério do que os dois anteriores.
Outro ponto positivo é a mudança de foco narrativo em muitos capítulos. Isso já havia sido um trunfo em Eldest, mas em Brisingr chega a níveis que eu não conseguiria imaginar, inclusive com um (ou dois, não me lembro bem) capítulo visto sob a ótica da Saphira, mostrando de uma maneira muito divertida pensamentos e sentimentos da dragoa.
Além do mais, é em Brisingr que finalmente vemos a formação completa de Eragon como cavaleiro de dragão e um dos principais segredos da raça é revelado, proporcionando uma das cenas mais belas de todos os três livros, protagonizada por Glaedr, o dragão dourado do ancião Oromis.
Para completar, o real vilão da história finalmente aparece. Mesmo que indiretamente, vemos pela primeira vez o poder do tão temido Galbatorix e, sim, ele é muito poderoso.
Agora é esperar o Paolini terminar de escrever o último livro. Até agora pouca coisa foi revelada. O que se sabe (ou especula-se) é que a capa será um dragão verde esmeralda e que nesse livro mais coisas sobre os meninos gatos serão revelados. Os livros já estão na minha estante, esperando o lançamento do seu irmão caçula.
E o nome do livro é uma grata surpresa. Não nutra expectativas de descobrir o porquê antes dos últimos capítulos, mas vai ser interessante.
Brinsingr
Christopher Paolini
Rocco, 2008 (originalmente em 2008)
708 páginas
Tradução: Waldéa Barcellos e Alexandre Elia
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.