Love: A história de Lisey
Stephen King
Publicado em 2006
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Antes de qualquer coisa, aperta o play na música abaixo e deixa rolar enquanto você lê essa crítica. Ela é a epígrafe dA história de Lisey e traduz bem o sentimento do livro.
Agora que temos a trilha sonora perfeita, podemos começar. Como o próprio título diz, o livro conta a história de Lisey, viúva de um escritor de best-sellers que deixou para ela milhões de dólares, um escritório cheio de recordações e um profundo luto. Para lidar com isso, ela precisa lutar com demônios do passado e do presente que assombravam o marido. De quebra, ainda precisa aprender a conviver com a ausência de Scott Landon.
Foi uma sinopse simples para não estragar as descobertas, mas tudo começa dois anos após a morte de Scott, quando Lisey limpava o escritório que fora do marido. O trabalho caminha a passos lentos, ela ainda não sabe se há histórias inéditas do marido e se recusa que estudiosos da universidade ponham as mãos nos possíveis manuscritos.
A história de Lisey é, acima de tudo, uma história de amor. É interessante ver um escritor aclamado pelos livros de terror abordar o tema de forma tão singela. A história foi pensada quando King precisou ser internado por uma pneumonia e começou a pensar no trabalho que Tabitha, sua esposa, teria para organizar suas coisas. Tanto que o livro é dedicado somente a ela. “Para Tabby”.
Narrado sob o ponto de vista de Lisey, a história é quase toda contada em flashbacks. A partir das imagens que surgem na cabeça dela, podemos conhecer a personalidade do casal, os traumas que passaram juntos e, principalmente, os demônios que vivem na família Landon.
Por essa construção, a leitura das primeiras 200 páginas do livro se arrasta. Somando isso ao vocabulário exclusivo do casal, o leitor acaba perdido em meio a referências que só farão sentido do meio para a frente do livro, mas servem para ambientá-lo. “Bool”, “bool de sangue”, “espane”, “engatilhe”, “a coisa ruim”, “eu estava com calor e você me deu gelo” são algumas das expressões usadas em momentos chave e que só vamos entender depois.
O livro só espana e engatilha (se me permitem usar expressões do casal Landon) do meio para o final, se tornando uma leitura fantástica. Alerto que não é algo simples e os problemas da família Landon não serão explicados em detalhes. Mas a graça está aí, em perceber junto com Lisey a complexidade de tudo que o marido enfrentava.
Junto com os problemas de Scott, ela precisa ajudar a irmã que sofre com problemas psicológicos e lutar contra um maníaco que leu demais as obras do marido. É a junção dessas três tramas que dá o tom do livro e o torna desesperador e cativante, tudo ao mesmo tempo. Não vou me deter em detalhes sobre cada uma delas por medo de tirar o prazer de ler algumas coisas pela primeira vez, então vá em frente e aproveite.
Para quem curte o King, é uma excelente leitura. Para quem nunca leu, tenho certeza que vai curtir o autor depois dele.
PS: Tudo na mesma. Te amo.
PS 2: Me recuso terminantemente a chamar o livro de Love, porque o nome dele na verdade é apenas A história de Lisey (Lisey’s story). O tal do Love foi piração da tradução/editora/sei lá quem e não faz sentido nenhum colocar ele na capa, em letras amarelas, gigantes e desfocadas.
PS 3: Já aviso de antemão que se eu começar a chamar alguma futura namorada de babyluv, é por causa desse livro.
Love – A história de Lisey
Stephen King
Editora Objetiva, 2008
542 páginas
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.