“Há coisas que não se pode fazer junto sem acabar gostando um do outro”
Fiz uma pesquisa rápida com meus amigos perguntando: “Se você pudesse definir a saga Harry Potter em uma palavra, qual seria?”. Disparado, a maioria disse que é uma história sobre amizade. E não tenho como discordar.
Não dá pra imaginar Harry sem Rony ou Hermione. Fred sem Jorge. Draco sem Crabbe e Goyle. Lilá sem Parvati. Tiago sem Sirius, Remo e Pedro. Dino sem Simas. Voldemort sem Nagini. Buchecha sem Claudinho.
A amizade sempre foi a base de Harry Potter. Vamos pensar apenas no personagem principal. Desde a primeira viagem no Expresso de Hogwarts, quando Harry conhece o Rony, até o momento em que os dois enfrentam o trasgo e ficam amigos da Hermione, o trio foi praticamente inseparável.
Se Harry não contasse com a ajuda dos amigos, não teria feito um décimo das coisas que fez. Só para citar o quanto a amizade dos três era leal, eles enfrentaram juntos o caminho até a pedra filosofal, confrontaram um rato recém-transformado, desvendaram as provas do Tribruxo, invadiram o Ministério da Magia, caçaram Horcrux e enfrentaram uma guerra.
Com três pontos se faz um plano, por isso três é o número ideal para os pés de uma cadeira. Três mantêm a sustentação perfeita e evitam que o todo balance. Quando Hermione ficou petrificada em A Câmara Secreta, Harry e Rony penaram para descobrir o segredo da câmara. Se Rony briga com Harry em O Cálice de Fogo, descobrir o que será a primeira prova do Torneio Tribruxo é mais desestimulante. Ou se Rony começa a namorar e Hermione fica com ciúmes, Harry precisa fazer o papel de bom amigo e falar com os dois, separadamente.
“Você já nos disse uma vez – disse Hermione em voz baixa – que havia tempo para desistir, se a gente quisesse. Tivemos tempo, não é mesmo?”
Hermione
Porém a prova máxima da amizade está no último livro. Rony e Hermione abandonam as famílias para ajudar Harry em uma jornada que ele não tinha a mínima ideia do que fazer. Largam tudo e saem pelo mudo caçando pedaços da alma do bruxo mais poderoso de todos os tempos. No meio do caminho, Rony abandona o trio, mas consegue encontrá-los graças à força da amizade dos três. E tudo termina com uma conversa entre os três no escritório de Dumbledore.
Mas não é só com amizades “normais” que o livro se sustenta. É naquelas mais improváveis que ele mostra a força narrativa e nos faz acreditar que a amizade é o ponto forte da história. É a cumplicidade entre Dumbledore e Harry. É a falta de amigos desesperadora de Luna Lovegood. É a relação de família entre os marotos. É o paternalismo entre Hagrid e Harry. É Neville Longbotton e sua lealdade com toda a Grifinória.
“É preciso muita audácia para enfrentarmos os nossos inimigos, mas igual audácia para defendermos os nossos amigos”
Dumbledore
Com isso, não é necessário falar mais nada. Sem os amigos, Harry Potter não seria nada. É lindo ver a relação entre os personagens crescendo ao longo dos livros, transformando aqueles meninos de 11 anos em adultos. Por isso que Harry Potter é um livro sobre amizade e como valorizar cada um de seus amigos.
“Seremos tão fortes quanto formos unidos e tão fracos quanto formos desunidos”
Dumbledore
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.