“Eu sou o quê? – Ofegou Harry.
– Um bruxo, é claro – repetiu Hagrid.”
Quem leu Harry Potter com 11 anos e não ficou esperando chegar a carta de Hogwarts? É inevitável, ainda mais se você mergulhou de cabeça no universo criado por Rowling. Digo isso porque até hoje espero uma coruja pousar na minha janela com a minha.
Um grande mérito da saga Harry Potter é colocar o mundo mágico próximo ao real e torná-lo crível. Um bar em Londres pode ser a passagem para o Beco Diagonal, desde que você saiba quais tijolos apertar. Dar sinal à noite pode parar o Noitibus Andante e te salvar de ficar perdido. O Hospital St. Mungus pode ser localizado no interior daquela loja abandonada.
“- Vocês vão ter a primeira visão de Hogwarts em um segundo – Hagrid gritou por cima do ombro – Logo depois dessa curva.
Ouvi-se um Aoooooh muito alto.”
Mas só é possível acreditar nisso tudo por dois livros em especial: A Pedra Filosofal e A Ordem da Fênix. Explico o porquê:
A Pedra Filosofal é, sem dúvidas, o mais infantil de todos os livros. Mas ele tem a importante função de apresentar um mundo novo para os leitores. Assim como Harry, nenhum de nós conhecia nada de magia até aquele momento. O livro é didático o suficiente para explicar em detalhes (sem nos fazer de retardados, o que é algo digno de nota) cada lugar novo e mecanismo utilizado. Isso é fundamental para o bom andamento dos livros seguintes, que não precisam se preocupar com isso. Ponto para Rowling por ter feito de uma forma tão bacana.
Já A Ordem da Fênix marca um novo ponto de partida. O final de O Cálice de Fogo mostra o amadurecimento da trama para algo mais perigoso e, com isso, o quinto livro tem a função de introduzir mais uma porção do universo, além de novos personagens. É nele que conhecemos o Ministério da Magia, o St. Mungus, a própria Ordem da Fênix e o largo Grimmauld, por exemplo. O livro sai do mundinho Rua dos Alfeneiros/Beco Diagonal/Hogwarts e se envereda por outros lugares mágicos.
Esses dois livros determinam nosso encanto pelo mundo mágico criado por Rowling. Tem como não se identificar com o pequenino Colin Creevey, ainda em seu primeiro ano, tirando milhões de fotos porque a família não acreditaria que ele estava vivendo aquilo? A magia encanta os trouxas e os bruxos.
“Nunca confie em nada que é capaz de pensar, se você não pode ver onde fica o seu cérebro”
Arthur Weasley
Quem nunca sonhou em ter uma varinha mágica e acender a luz com um simples Lumos? Ou nunca mais se preocupar em carregar a chave de casa e abrir as portas com um Alohomora? Melhor ainda, quem nunca sonhou com um Accio naquela hora que você perdeu alguma coisa e está atrasado para sair?
Pela magia entrar nas pequenas coisas, ela é o tema central da saga Harry Potter. Mais do que a história do bruxinho órfão, são sete livros sobre o mundo mágico. É o forte aparato criado para esconder a Copa do Mundo de Quadribol. É também o momento de puro ciúmes em que você conjura pássaros para te fazer companhia durante a fossa. É construir sua casa toda torta ou passear em uma floresta e dar de cara com centauros, gigantes, acromântulas e unicórnios.
É magia, transbordando de todas as páginas. Simples assim.
“– Visgo do diabo, visgo do diabo… o que foi que a professora Sprout disse? Gosta da umidade e da escuridão…
– Então acenda um fogo! – engasgou-se Harry
– É… é claro… mas não tem madeira… – lamentou-se Hermione, torcendo as mãos.
– VOCÊ ENLOUQUECEU? – berrou Rony – VOCÊ É UMA BRUXA OU NÃO É?
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.