“O filho sobreviveu. Tem os olhos dela, exatamente os mesmos. Você certamente se lembra da forma e da cor dos olhos de Lílian Evans, não?”
Dumbledore
Morrer por amor. Amar um lugar. Se apaixonar pela primeira vez. Defender aqueles que você ama em meio a uma guerra. Chorar pela ausência deles. Se sacrificar por pura devoção a alguém. Pensar sempre naquela que você amou por toda a vida. Sem esses pontos, a série Harry Potter não seria nada. E se você está duvidando de que tudo isso está nos livros, vamos com calma.
A história só começou porque Harry sobreviveu. O primeiro capítulo do primeiro livro não se chama O garoto que sobreviveu à toa. Ele foi o único a escapar da maldição da morte e o motivo disso ter acontecido foi o amor. Uma das cenas mais bonitas de toda a saga é quando Harry descobre como sua família se sacrificou para protegê-lo. Os dementadores torturaram Harry com visões da morte dos pais, sobre como Tiago se pôs na frente de Voldemort para defender quem amava, mas não foi capaz de detê-lo. Como Lílian suplicou para que Harry não fosse morto e precisou ser levada junto com o marido antes de Voldemort atacar o bebê. Esse sacrifício por amor que fez com que ele sobrevivesse.
“Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem”
Dumbledore
Esse mesmo garoto viveu por 11 anos em uma casa onde ninguém se importava com ele. Quando entrou para Hogwarts, se sentiu acolhido. Era a primeira vez que tinha um lar. E sim, é possível amar um lugar como Harry amou Hogwarts. E não foi só Harry que amor Hogwarts. Tom Riddle também considerava o castelo a sua casa. McGonagall defendeu com unhas e dentes o castelo contra as forças do Lord das Trevas.
Hogwarts, a propósito, viu muitos amores em seus corredores. Harry teve o seu primeiro beijo na secreta Sala Precisa. Hermione pegou Krum em algum cantinho. Rony andava às claras se atracando com Lilá. Foi no castelo também que Rony e Hermione se apaixonaram e se beijaram em meio a uma guerra. Harry conheceu Gina ainda na Toca, mas foi só depois de uma emocionante partida de futebol que o leão rugiu.
“Eu! Livros! E inteligência! Há coisas mais importantes, a amizade e bravura!”
Hermione
Não só de beijos e carinhos vivem os amores. Hogwarts presenciou cenas belas de amor durante a guerra contra Voldemort. Amor de mãe quando Molly Weasley se revolta contra Bellatrix e a mata porque havia ameaçado a filha. Lupin e Tolks morreram juntos pela causa que defendiam (com direito até a cadáveres com as mãos juntas em uma bela cena do filme). Colin morreu por amar Hogwarts e por lutar contra tudo e todos.
É, em meio à guerra, ver Jorge chorando a morte de Fred, a pessoa que ele mais amava no mundo. Harry desesperado por Sirius, que se foi de uma maneira estúpida. O mundo mágico lamentando a morte de Dumbledore. Amor saindo de cada letra e de cada lágrima derramada no livro.
“Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria”
Dumbledore
Pensar em Dobby, um elfo doméstico que idolatrava Harry. Ou Monstro, que fazia qualquer coisa por Régulo. Dobby tentou salvar Harry sem mesmo o conhecer em A Câmara Secreta, ajudou o garoto nos livros seguintes e morreu ao salvar o humano que ele amava. Monstro foi capaz de mentir e esconder um segredo por décadas pelo sentimento que tinha por Régulo.
Para finalizar – e concluir que realmente Harry Potter é um livro sobre amor – temos Severo Snape. Um dos personagens mais complexos e, ao mesmo tempo, mais ovacionados com a chegada do último livro. Tudo, absolutamente tudo que ele fez durante a vida inteira, foi por amor. Amor a uma pessoa que conheceu quando era moleque e que persistiu amando mesmo com ela casada e tendo um filho.
Severo Snape, do professor odiado por todos à redenção. Particularmente acho uma reação superestimada contra alguém egoísta que pouco estava se importando para a segurança dos Potter, desde que Lilían estivesse bem. Fez tudo depois por simples remorso. Mas como não sou conhecido por apreciar uma boa história de amor, minha opinião não conta muito.
Precisa de mais do que isso para fazer com que Harry Potter seja definitivamente um livro sobre o amor?
“Dou minha palavra, Severo, de que jamais revelarei o que você tem de melhor – Dumbledore suspirou, olhando para o rosto feroz e angustiado de Snape – Se você insiste…”
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.