[CRÍTICA] Tequila Vermelha – Rick Riordan

Desde 2005, Rick Riordan vem se destacando pela série de livros infanto-juvenis Percy Jackson, que trouxe uma leitura da mitologia greco-romana para os dias atuais. O estilo rápido, bem humorado e com personagens carismáticos tornaram Riordan uma figurinha carimbada na lista dos mais vendidos.

Antes do lançamento de Percy Jackson, porém, ele criou uma série mais adulta, composta por sete livros baseados nas aventuras de Tres Navarre, “um ávido bebedor de tequila, mestre de Tai Chi, detetive particular sem licença e com uma queda por problemas do tamanho do Texas”, como a própria série o descreve.

Isso foi em 1997, quando Tequila Vermelha foi lançado. Mas como é de praxe, vamos falar sobre o que fala a história. Quando o pai de Tres Navarre – e xerife de San Antonio – foi assassinado, Tres fugiu da cidade por não conseguir lidar com aquela situação. Dez anos depois ele volta a se corresponder com uma ex-namorada e retorna com a missão de descobrir o que aconteceu com o pai. As investigações vão levá-lo por caminhos que nem mesmo a CIA cogitou.

Em um resumo simples, essa é a história. A narração é em primeira pessoa, por Tres Navarre, mas nem por isso nós temos ciência de tudo que está acontecendo, já que o livro oculta informações importantes da investigação até o momento das revelações.

Essa visão em primeira pessoa também tem implicações em outro ponto do livro: a compreensão da gama de personagens existentes. Como Tres já é do lugar e conhece a maioria dos personagens, as apresentações são superficiais. Como são muitos e a memória deste pobre leitor é fraca, muitas vezes precisei consultar as páginas anteriores para lembrar quem raios era aquela pessoal e qual era mesmo a importância dela.

(Para ilustrar o tamanho da minha falta de memória, Tres tem um gato chamado Robert Johnson, um dos melhores personagens do livro. Depois dele apresentar milhões de personagens, Tres chega em casa e encontra Robert Johnson. Fiquei um tempão tentando lembrar quem era, até recordar que era o gato)

Mas o livro ganha muitos pontos por conta de Tres Navarre. Sarcástico, prepotente, arrogante e determinado, ele enfrenta os adversários da forma que consegue, seja usando as palavras bem colocadas ou mesmo as técnicas de Tai Chi. O modo como ele vai descobrindo os passos da morte do pai são graduais e plausíveis, o que contribui para a coerência do texto como um todo.

No final, é um bom livro policial, com um toque de humor já característico de Riordan. Vale a pena ser lido e vale mais a pena ainda torcer para que os próximos sejam lançados no Brasil o mais rápido possível.

Tequila Vermelha
Rick Riordan
Record, 2011
428 páginas

P.S.: Pra quem ficou curioso, tequila vermelha é o nome da mistura entre a Tequila Herradura e um refrigerante chamado Big Red. Por isso o nome do livro em inglês é “Big Red Tequila”