Lá se vão seis anos desde que li o primeiro livro da série da Torre Negra. Quando peguei O Pistoleiro pela primeira vez, ainda tinha lido pouca coisa do King (Saco de Ossos, O Apanhador de Sonhos e A Coisa), mas aquele começo matador, com a frase “O homem de preto fugia pelo deserto e o pistoleiro ia atrás”, foi o suficiente para embarcar de cabeça na Terra Média.
Seis anos depois, li bastante coisa do King. Em número de livros na estante, ele só perde para Rowling, Tolkien e Agatha Christie. Em questão de livros lidos, esse número cresce. Querendo ou não, ele se tornou um dos meus autores preferidos. E digo isso porque hoje finalmente peguei A Torre Negra para começar a ler. E posso falar que, desde o último Harry Potter, não estava tão ansioso por um livro quanto estou agora. Conhecendo o King como acho que já conheço, tenho esperanças. E muitos medos.
Nesse caminho, aprendi que o forte do King são os personagens. Quando ele não os desenvolve bem, ele falha miseravelmente (vide Os Justiceiros, escrito como Richard Bachman). Durante toda a busca pela Torre Negra, os personagens são tão bem construídos que percebemos o crescimento deles em cada livro. As atitudes de cada um são condizentes com o que fazem durante os livros. Passamos a nos importar com eles.
No meio disso, a morte dá as caras a cada esquina. A minha ideia para o final seria o Roland encontrando a Torre, sozinho, como tudo começou. Para isso, o resto do ka-tet precisaria seguir o seu ka (destino). Para alguns, temo que isso seja a morte. Se já foi duro ver o pistoleiro matar Jake no primeiro livro, imagina agora, depois de longos seis livros acompanhando cada medo e aventura? Vai ser duro, mas como o Roland sempre diz, devemos respeitar o ka. E estou preparado pra isso. Ou pelo menos acho que estou.
Outro ponto que me dá medo é que o King não é conhecido por seus finais magistrais. Longe disso, aliás. Os finais costumam ser bem mornos com relação ao clímax e a batalha psicológica travada em todo o livro. Como essa é a conclusão de uma série, talvez a coisa mais importante que ele já escreveu em toda a vida, tenho medo de ele não conseguir dar um final satisfatório.
Estou entrando no livro desarmado, pois não li nada sobre a história nem sobre a repercussão do livro na época. Nem a última frase vou ler (o único livro que não li a última frase foi justamente Harry Potter e as Relíquias da Morte). Quero ter o gostinho do ineditismo em cada frase, em cada reviravolta. E como diz Anton Ego, em uma das cenas que mais gosto em Ratatouille, “Surpreenda-me”. Sinceramente, King, é só isso que espero do último volume de uma das séries que mais gostei de ler até hoje.
E vamos começar as 871 páginas de A Torre Negra. Longos dias e belas noites para vocês.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.