Às vezes o improvável anda bem próximo da realidade. Quando eles resolvem sair de mãos dadas, finais de semana como esse acontecem.
No treino de classificação, eliminaram Button e Webber já no Q2. Deixaram Hamilton sem gasolina depois da sua incrível volta de classificação, levando-o da pole para o fim do grid. Deram a primeira posição de presente para o Pastor Maldonado. E parece que o venezuelano gostou dela.
Quando Alonso pulou para a primeira posição já na largada, as coisas podiam ter tomado um rumo diferente. Ele abriu, mas não o suficiente para continuar em primeiro depois da primeira parada de troca de pneus. A Williams antecipou a parada de Maldonado e ele tomou a posição do espanhol.
Mesmo com a pole, quase ninguém acreditava nele. Alonso, as Lotus de Raikkonen ou Grosjean e as RBRs eram apostas mais certas. Contra tudo e todos, ele aguentou a pressão do piloto da Ferrari e manteve a ponta até o final.
Pela primeira vez, o hino da Venezuela foi tocado na Fórmula 1. A Williams voltou a vencer uma corrida depois de quase oito anos (a última vitória tinha sido com o Montoya, em 2004… saudade dele) e depois da péssima temporada de 2011. Foi um presentão pro Frank Williams e os seus recém completados 70 anos.
Além disso, essa vitória foi importantíssima pro campeonato. São cinco corridas e cinco vitórias de pilotos e equipes diferentes. Maldonado se junta a Button (Austrália – McLaren), Alonso (Malásia – Ferrari), Rosberg (China – Mercedes) e Vettel (Bahrein – RBR). Coisa igual não acontecia desde 1983.
Só vai ser melhor se uma Lotus ganhar na próxima corrida. Aí sim o campeonato vai ser poder ser considerado o mais disputado da última década.
Alonso, o gênio
É impressionante o que ele consegue fazer com um carro ruim em mãos. Já falei milhões de vezes que acho ele o melhor piloto em atividade. Corridas como a de hoje só mostram isso. Ele não ultrapassou o Maldonado porque a Ferrari é muito ruim de reta, mas pressionou. Ficou tranquilo na segunda posição a corrida toda.
Por essas e por outras que é um dos líderes do campeonato. Tem os mesmos 61 pontos do Vettel, mas perde nos critérios de desempate. Com esse carro da Ferrari, é um feito notável. Ainda mais se contarmos o baile que ele está dando no companheiro-de-equipe-que-não-deve-ser-nomeado.
Quando a Lotus vai vencer?
Acho que falta bem pouco pra esse dia. Räikkönen chegou a 0,6s do Alonso, correndo muito nas últimas 15 voltas. Se tivesse mais umas duas voltas, certamente ele passava o espanhol, que era 2,5s mais lento por volta. Uma corrida impecável do Homem de Gelo.
Grosjean perdeu a posição pro Räikkönnen logo na largada, mas se manteve tranquilo na quarta colocação. Sem grandes problemas, chegou em quarto, soma 35 pontos no campeonato e ajuda a Lotus a consolidar a terceira posição no campeonato de construtores, 25 pontos atrás da líder Red Bull.
E o Hamilton?
Se não tivesse sido punido, Hamilton era um sério candidato a vencer o GP da Espanha. Ele largou em último, teve uma estratégia interessante de paradas e conseguiu chegar em oitavo. Foi agressivo em todos os momentos e um agressivo bom, que gerou ultrapassagens e bons momentos durante a corrida. Na medida do possível, conseguiu fazer a sua parte.
O resto
Kobayashi simplesmente voou no final da corrida. Na hora que assustei, o japonês estava passando todo mundo até se firmar na quinta posição. Em sexto, Vettel também fez o que pode com uma RBR que não estava em seu melhor final de semana. A ultrapassagem em cima do Rosberg, que chegou em sétimo, foi providencial pra deixar o alemão da Red Bull em primeiro lugar no campeonato de pilotos.
Mais discreto, Button terminou apenas em nono, tendo largado em décimo. O último pontinho foi arrebatado por Hulckenberg, da Force India. Perez, que largou em quinto, abandonou a prova. A classificação completa tá aqui embaixo:
Classificação
1- Pastor Maldonado (Williams-Renault) – 1h39m9s145
2 – Fernando Alonso (Ferrari) – a 3s195
3 – Kimi Raikkonen (Lotus-Renault) – a 3s884
4 – Romain Grosjean (Lotus-Renault) – a 14s799
5 – Kamui Kobayashi (Sauber-Ferrari) – a 1m14s641
6 – Sebastian Vettel (RBR) – a 1m17s576
7 – Nico Rosberg (Mercedes) – a 1m27s919
8 – Lewis Hamilton (McLaren-Mercedes) – a 1m25s200
9 – Jenson Button (McLaren-Mercedes) – a 1m28s100
10 – Nico Hulkenberg (Force India-Mercedes) a 1 volta
11 – Mark Webber (RBR-Renault) a 1 volta
12 – Jean-Eric Vergne (STR-Ferrari) a 1 volta
13 – Daniel Ricciardo (STR-Ferrari) a 1 volta
14 – Paul Di Resta (Force India-Mercedes) a 1 volta
15 – Felipe Massa (Ferrari) a 1 volta
16 – Heikki Kovalainen (Caterham-Renault) a 1 volta
17 – Vitaly Petrov (Caterham-Renault) a 1 volta
18 – Timo Glock (Marussia-Cosworth) a 2 voltas
19 – Pedro de la Rosa (/HRT-Cosworth) a 3 voltas
Abandonaram
Sergio Perez (Sauber-Ferrari) na 38ª volta
Charles Pic (Marussia-Cosworth) na 36ª volta
Narain Karthikeyan (HRT-Cosworth) na 23ª volta
Bruno Senna (Williams-Renault) na 13ª volta
Michael Schumacher (Mercedes) na 13ª volta
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.