A Torre Negra

Stephen King
Publicado em 2004
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Tanto a estrada quanto a história têm sido longas, você não concordaria? A viagem tem sido longa e o custo tem sido alto… mas nunca uma coisa grande foi alcançada com facilidade. Uma longa história, como uma Torre alta, tem de ser construída pedra por pedra

Enquanto lia A Torre Negra, tive que parar por três vezes, com lágrimas nos olhos em todas elas. Parei não por estar ruim ou por revolta, mas sim por perceber que o que estava acontecendo era a coisa mais justa a ser feita naquele momento e que eu precisava aceitar os fatos.

Aliás, “coisa mais justa” é uma expressão que corresponde muito bem ao último volume da busca de Roland pela Torre Negra. Se eu estava com medo do que o King poderia fazer com a história, ele me surpreendeu e deu um final justo para cada uma das pequenas narrativas contadas.

Mas “justo” talvez não seja aquilo que os fãs estavam esperando. Todo mundo torce por determinados personagens, quer saber o que vai acontecer com cada um deles, faz sua própria suposição de um final ideal. King, na minha opinião, entrega o final que mais se adéqua a cada um. Eddie, Jake, Susannah, Oi, Padre Callahan e Roland têm finais condizentes com suas trajetórias. Cada um tem um papel dentro da roda do ka, então nada mais certo do que deixar o ka agir em cima de cada um.

E não é mistério para ninguém que, no fim, Roland vai encontrar a Torre Negra. Isso estava bem claro desde o primeiro livro e, se King não fizesse isso acontecer, seria uma das maiores decepções da minha vida literária. Porém esse não é um dos casos de que o trajeto é mais importante a chegada. Pelo contrário.

Uma das dúvidas mais frequentes dos fãs é: “O que Roland vai encontrar quando chegar lá em cima?”. Então tanto o miolo da história quanto o desfecho são importantíssimos para amarrar todos os pontos soltos. Se algumas passagens deixam a desejar (Mordred mandou lembranças), outras são extremamente impactantes (e coloco a resposta para o que há no alto da Torre no meio disso).

É nesse último volume que tudo que foi visto nos livros anteriores faz mais sentido. Até mesmo Lobos de Calla, que achei (e continuo achando, a propósito), o mais deslocado de todos, fez sentido quando olhado no todo. É impossível analisar apenas A Torre Negra sem pensar nos outros seis livros que dão suporte.

De um Roland sisudo e durão de O Pistoleiro a alguém que parece que encontrou uma família e se importa com seu ka-tet. Um Eddie mais corajoso que o viciado em drogas de A escolha dos três. Uma Susannah dividida em muitas, mas que aprendeu a conviver com cada uma delas e usá-las para o bem. Um Jake que vê Roland como o pai que sempre sentiu falta e capaz de fazer qualquer coisa por seu dinh. E um zé-trapalhão mais humano que muitos dos personagens que apareceram ao longo da trajetória.

Mas o ka é uma roda em constante movimento. Uma vez que é colocado em movimento, tudo tende a voltar para o mesmo lugar. Isso precisa estar em mente a todo instante durante a leitura de A Torre Negra. Talvez esse seja o conceito mais importante para compreender a série de King e o destino de cada um dos personagens, dos feixes de luz e da própria Torre Negra.

Sem dúvidas é a segunda melhor série que já li na vida (e olha que adoro séries). Só perde pra Harry Potter porque a obra da Rowling foi muito importante pro meu crescimento. Mas depois do tanto que a Torre Negra me fez pensar, acho que ela está bem perto de alcançar o bruxinho.

Longos dias e belas noites, sai King. Você conseguiu.

A Torre Negra
Stephen King
Editora Objetiva, 2007
872 páginas