Apesar de ter diminuído o ritmo entre outubro e dezembro, o número de episódios assistidos em 2018 foi muito alto: 596, de 29 séries diferentes – quantidade menor apenas do que o incrível ano de 2016. Apesar disso, estou atrasado com as que acompanho regularmente e deixei de ver várias séries queridinhas do momento, como The Handmaid’s Tale, The Marvelous Mrs. Maisel, Barry, This is us e Westworld.
Enfim, vamos aos melhores episódios que vi no ano de 2018.
Adventure Time – Varmints (s7e02)
Em uma decisão surpreendente da Cartoon Network, um dos melhores desenhos do século XXI deu adeus às telinhas em 2018. Ainda não tive coragem de assistir aos últimos episódios, porém estou quase em dia e um episódio dentre os quase 100 assistidos teve um gostinho especial.
O principal diferencial de Adventure Time sempre foi o desenvolvimento dos personagens. As ações tomadas trazem consequências reais para a trama e, nas temporadas que vi este ano, aumentou o foco nos personagens secundários e nas grandes sagas. Foram histórias que, a princípio, pareciam levar para lugar nenhum, mas que compuseram um painel maravilhoso para que nos importássemos com todos que estavam em cena.
Nesse contexto, há um em especial que me chamou atenção. Todo mundo sabe que a Princesa Jujuba e a Marceline foram um casal e não estão mais juntas. Além disso, a princesa se mostrou uma personagem forte durante a série, muito mais ligada à razão do que à emoção. Eis que em Varmints ela se quebra inteira. Presa em um exílio auto-imposto, ela pede Marceline para ajudá-la em um problema com os tais varmints do título. Vendo-se mal sucedida, ela desmonta, desabafa todos os problemas e pede o ombro para a amiga e ex-amante. É um episódio lindo!
Love – Anniversary Party (s3e11)
Love é uma série da Netflix pouco falada e o motivo é bem simples: os protagonistas são cheios de problemas. As pessoas começam a assistir esperando uma comédia romântica e se vêm no meio de um relacionamento real, cheio de picuinhas e implicâncias bobas. Neste terceiro e último ano, porém, Mickey e Gus começam a viver a relação como dois adultos, coisa que ambos nunca tinham feito antes.
Se pararmos para comparar, a vida dos dois mudou muito desde o início da série. Mickey está limpa, cada vez mais realizada profissionalmente e dona de si. Gus está cheio de incertezas e caminhos a seguir, sendo que nenhum deles é garantia de sucesso. É uma inversão dos papeis vistos no início da série, mostrando o crescimento deles nesse tempo que passaram juntos.
O episódio que escolhi para essa lista é, a exemplo de Adventure Time, um em que o protagonista quebra. Em Anniversary Party, penúltimo capítulo da série, os dois estão pensativos sobre o futuro da relação. Se o esperado era que a Mickey surtasse, quem faz isso é o Gus. Ele se desmonta ao ponto de mostrar todas as suas fraquezas e inseguranças, coisa que não havia feito em nenhuma das temporadas anteriores. É o passo que faltava para eles se darem bem e é muito bonito ver isso acontecendo na nossa frente.
Seinfeld – The chinese restaurant (s2e11) e The parking garage (s3e6)
Que fique registrado: 2018 foi o ano em que terminei de assistir a Seinfeld. Após as nove temporadas, fiquei com um gostinho de ter visto a história sendo construída. Tem muita coisa que não resiste ao poder do tempo e às exigências modernas no humor, lógico, mas mesmo assim é uma série incrível e merece ser vista por todos.
Para esta lista, eu poderia ter destacado toda a quarta temporada, em que há uma metalinguagem incrível. Ou poderia falar de alguns episódios clássicos, como The contest (o famoso campeonato de quem fica mais tempo sem bater punheta), The soup nazi (NO SOUP FOR YOU!) ou The puffy shirt (da camisa de pirata), mas decidi colocar dois que representam o que é Seinfeld em sua essência.
É comum ouvir que este foi um show sobre nada. Eu concordo. Eram apenas quatro amigos vivendo situações banais e sem um final feliz. Para mim, os dois episódios que melhor representam isso são The chinese restaurant e The parking garage. Neles, os personagens estão presos em um único cenário (o restaurante chinês e o estacionamento) e tudo se desenvolve a partir do diálogo. São situações triviais, como a espera por uma mesa e a busca pelo carro, mas com roteiros tão incríveis que me dão inveja de quem escreveu.
Brooklyn Nine-Nine – Show me going (s5e20)
Pelo segundo ano consecutivo, Brooklyn Nine-Nine entrou na minha lista de melhores do ano. E que ano teve a série. Cancelada e descancelada pouco tempo depois, viu sua popularidade crescer de forma absurda. Eu, que assisto desde o primeiríssimo episódio, só posso ficar feliz pelas pessoas começarem a reconhecer o quão boa ela é.
Enquanto esperamos o retorno para a 6ª temporada, é bom valorizar essa pérola que apareceu no finalzinho da 5ª. Em Show me going, o esquadrão se vê em uma situação delicada: Rosa está em uma zona de perigo, onde também se encontra um atirador. Enquanto ninguém sabe notícias dela e não podem ir atrás para ajudar, os personagens tentam se acalmar de alguma forma, cada um a sua maneira.
É uma ótima mescla entre comédia e drama, que consegue nos deixar tenso com o passar do tempo. O final é uma das coisas mais satisfatórias que Brooklyn Nine-Nine já apresentou, com uma mudança importante no comportamento do Jake. A atitude dele é um reflete perfeito do que ele se tornou ao longo dos últimos cinco anos e deixa a gente com um sorrisão no rosto.
BoJack Horseman – Free Churro (s5e06)
Assisti a BoJack Horseman pela primeira vez no ano passado e logo ela se tornou uma das minhas animações preferidas. Com uma qualidade que só vai crescendo temporada após temporada, a série chegou ao seu quinto ano mais madura e pronta para falar novamente de diversos temas delicados. Para mim, o que mais se destacou foi a solidão, vivida de formas diferentes por cada um dos personagens.
O episódio que coloquei como destaque se passa em um funeral. E mais, ele se passa todo com a câmera focada no BoJack, sem sair do lugar. Para completar, é um monólogo com mais de 20 minutos. Pode parecer chato, mas juro que é incrível. O texto é brilhante em todos os sentidos. Você simplesmente não percebe o tempo passando enquanto ele vai falando e falando.
Como fui sem saber que era um monólogo, várias vezes pensei: “Agora vão cortar para outra cena”. Mas eles não cortam. Ele continua falando até os créditos finais, em um experimentalismo fudido de bom. É por episódios assim que BoJack Horseman está entre as melhores séries que estão no ar atualmente – e não falo só entre as animações.
Menção especial – Atlanta
Seria impossível destacar apenas um episódio de Atlanta, então decidi trazer ela inteira como menção especial. No início do ano, assisti à primeira temporada e acompanhei a segunda assim que ela saiu. Se já tinha achado bom, os novos episódios elevaram a qualidade do show para outro nível.
Ao tirar o foco do Earn (personagem do Donald Glover), a série ganhou com episódios experimentais e focados nos coadjuvantes. Isso funciona porque um dos grandes truques de Atlanta é ter uma renca de gente talentosa. Os episódios dessa segunda temporada são maravilhosos, cada um por um motivo.
Mas se vale um destaque, eu daria para Teddy Perkins, o sexto episódio. Nele, o personagem vivido por Lakeith Stanfield vai buscar um piano na casa de um misterioso homem, que se assemelha muito ao Michael Jackson. O que ele vive lá dentro é só assistindo para entender a magnitude do roteiro e da direção. Com certeza é uma das melhores séries do ano!
Melhores dos anos anteriores
Seriados assistidos em 2018
3%, 13 reasons why, Adventure time, Atlanta, Big Mouth, Black Mirror, BoJack Horseman, Brooklyn Nine-Nine, Desventuras em Série, Dr. Who, Easy, Elementary, Everything sucks!, Irmão do Jorel, Love, Modern Family, New Girl, Once Upon a Time, One Day at a Time, Pokémon, Seinfeld, Silicon Valley, Super Drags, The Big Bang Theory, The Ending of the F***ing World, The Good Place, The Walking Dead, Unbreakable Kimmy Schmidt e Young Sheldon.
Promessas para 2019
Terminar Bates Motel, Adventure Time e Veep.- Tomar vergonha na cara e terminar Mad Men, Sopranos e Six Feet Under.
- Assistir The Wire.
- Maratonar
Parks and Recreationou 30 Rock.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.