Admito: falhei miseravelmente na tarefa de assistir filmes. E pelo terceiro ano consecutivo, sendo que os números só caem. Em 2010, assisti a 48 (com sete idas ao cinema). Em 2011, foram 35 (com três idas ao cinema). Já este ano, atingi a incrível marca de 31 filmes e cinco idas ao cinema. Só atingi esses números porque assinei a Netflix, caso contrário…
Como vi pouquíssimos filmes, a escolha vai ser completamente arbitrária e baseada apenas nos meus gostos, independente do filme ter sido lançado em 2012 ou não.
O ano começou bem, com X-men: First Class. Depois deu uma caída, mas entre filmes do Woody Allen (Meia-noite em Paris e Para Roma, com Amor) e do John Hughes (Gatinhas e Gatões e Clube dos cinco), assisti a alguns clássicos como O Iluminado, Amor, sublime amor e Pinóquio.
Alguns tiveram cenas que me impactaram profundamente, como as lanternas voadoras de Enrolados, os diálogos de Ted, as cenas nonsense de Missão Madrinha de Casamento (que ainda tô tentando entender porque foi tão bem falado) e os diálogos não-falados de O Artista.
Também cumpri meus rituais anuais de assistir O Rei Leão, Hooligans e Clube da Luta. Isso sem contar os blockbusters Jogos Vorazes, Os Vingadores, Batman: O Cavaleiro das Trevas ressurge e O Hobbit. Curti tanto Os homens que não amavam as mulheres que comprei a trilogia do Stieg Larsson, mas não foi suficiente para ele levar o prêmio de filme do ano.
Outro que bateu na trave foi 21 Gramas, com sua narrativa toda fragmentada e atuações impecáveis. O casamento de Rachel chegou bem perto e mostrou porque amo tanto a Anne Hathaway. Isso sem falar na Lena Dunham, autora do seriado Girls, que me fez ir atrás do seu filme, Tiny Furniture.
Muitos dos filmes acima tinham potencial para ser “O filme do ano”, mas nenhum deles teve a sutileza e a beleza do escolhido. Antes de falar quem foi, vamos recapitular os vencedores de 2010 e de 2011:
2010: Empate entre Toy Story 3 e Onde vivem os Monstros
2011: ABC do Amor
O filme do ano
No dia 6 de novembro, eu navegava tranquilamente pelo Netflix quando vi um filme nacional que me chamou a atenção. Já tinha ouvido falar bem dele e não custava nada assistir, ainda mais que falava do ano de 1970, com ditadura militar e Copa do Mundo.
Foi assim que decidi assistir àquele que seria o Filme de 2012: O ano em que meus pais saíram de férias. O filme era pra ter sido chamado de Vida de goleiro, que é muito mais condizente com a história. Tudo é contado pelo ponto de vista de Mauro, um menino de 12 anos que ama futebol. Durante o início da década de 1970, os pais do garoto saíram de férias (entenda-se, procuraram o exílio por causa da ditadura) e o menino se vê sozinho em um bairro do Rio que mal conhece.
É aqui que a metáfora com o goleiro mostra sua força. No alto de sua sabedoria de 12 anos, Mauro já sabe que o goleiro é a figura mais solitária dentro do campo e aquele que sofre a maior pressão para não cometer erros. O garoto sonha em ser goleiro, em uma comparação singela com a vida que ele precisa encara depois que os pais foram embora. Sozinho, precisa sobreviver, conquistando amigos e aprendendo a se virar.
Por mais que muitos filmes já falem sobre o período militar brasileiro, fazer isso sob a ótica de uma criança sem cair na pieguice é algo notável. Isso sem falar no boa retratação do clima de insegurança e euforia que só um regime militar e uma Copa do Mundo podem causar.
E eu amo Copa do Mundo.
Comecei a vida dentro de um laboratório de química, mas não encontrei muitas palavras dentro dos béqueres e erlenmeyers. Fui para o jornalismo em busca de histórias para contar. Elas surgem a cada dia, mas ainda não são minhas. Espero que um dia sejam.