Perdoe-me por nunca ser o mesmo. Eu nunca serei o mesmo. Dois dias atrás eu estava lendo um livro e hoje sou o que nunca imaginei ser. E você também se transformou. As frases que eu te disse retiraram a borboleta do casulo. Logo você, que tinha uma opinião tão sólida. Veja só, que disparate! Uma ideia incutida em mim e sussurrada em seus ouvidos vindo à tona como um pensamento totalmente arraigado. Somos constante mutação. Encontre-me no espaço. Eu te segurarei firme se você tiver medo de altura, mas eu preciso te mostrar esse lugar. E como você fez isso? Nunca me senti melhor! Desintegrar cada célula estática. Espirais de novidades rodeando nossos egos até que no exato segundo seguinte não sejamos mais quem esperávamos ser. Alguma chance disso ser apenas desvario? A menos que se possa esconder o que não se esconde de ninguém, não. Se eu conseguisse… Você me faz sentir como se eu fosse brand new. E os meus motivos nunca foram meus. Sou uma colcha de retalhos inacabada. Uma memória fugaz totalmente etérea, desvanecendo após cada badalada. E quando as máscaras caírem? Quem seremos por baixo dessas roupas de gala? Existe alguma pele debaixo de todos esses tecidos? Parece-me que estaremos sempre retirando panos quentes de cima de nosso contentamento. É casual a falta de tato, não é mesmo? Factível, contudo. O mundo cinza que nos rodeia só tem cor porque nos coloriram. Somos todos cinzas. Pó. E ao pó tornaremos.
Viajo há muito tempo percorrendo vários sistemas bem diferentes. A gravidade do planeta Química exerce forte atração sobre mim, mas o astro chamado Literatura é aquele no qual me sinto mais confortável. Nos entremeios e desencontros do caminho, músicas e histórias me ajudam a não perder o rumo.