O macaco que se fez homem

Monteiro Lobato
Publicado em 1923
Compre aqui


O macaco que se fez homem é uma coletânea de 10 contos, lançada em 1923 por Monteiro Lobato. O próprio autor chegou a extinguir o livro em 1945, distribuindo as histórias entre as obras Cidades Mortas e Negrinha. Em 2008, a Editora Globo relançou o livro, restaurando a forma como originalmente os contos foram publicados.

Lobato é um daqueles escritores brasileiros que todo mundo conhece, mas que pouca gente leu. Isso porque sua série de livros mais famosa é também um dos seriados mais importantes para a infância de muita gente: O Sítio do Picapau Amarelo. E como a vertente infantil de Lobato é a mais conhecida, boa parte das pessoas não sabe que ele também escrevia para o público adulto.

Eu me incluo nesse grupo. Nunca fui leitor de Lobato. Na escola não me deram nada do Sítio para ler (em compensação, já comprei os livros e eles estão na Meta 2017) e também não corri atrás. Não sabia da existência dos seus contos adultos até o ensino médio. Até pouco tempo só conhecia o autor por causa dos estudos em aula, pela Globo e pela recente polêmica envolvendo racismo e a proibição de alguns dos seus livros nas escolas (valeu Pra Ler). As únicas coisas que havia lido eram algumas cartas que mostravam um lado racista do escritor. Só isso.

Talvez tenham sido estes os motivos do meu encantamento por O macaco que se fez homem (que não esteve tão presente quando li Urupês, por exemplo). O estilo de escrita de Lobato é muito simples, principalmente se levarmos em consideração que os contos têm quase um século. A leitura é bem fluida e os temas abordados continuam atuais, pelo menos em sua maioria. Apesar de serem histórias que refletem o cotidiano da época, todas elas falam sobre universalidades. Por isso o livro resiste tão bem como uma obra literária e não apenas como um registro histórico.

Quanto às características dos contos, pode-se perceber que são bem variadas. Há os que se passam em fazendas ou cidades. Os personagens possuem diferentes profissões e níveis de instrução, sendo humanos ou não. Há fábulas (como Tragédia de um capão de pintos), metalinguagem (Marabá), cotidiano (O bom marido, Um homem honesto) e contos ingênuos (como A morte do camicego). Isso sem falar nas diferentes formas que Lobato usa para conduzir a narração, às vezes apelando para o leitor, às vezes falando sozinho ou partindo direto para a história.

Em comum, eles possuem um humor cáustico e um retrato da sociedade na época. Uma coletânea que é, ao mesmo tempo, uma boa introdução à obra Lobatiana e um excelente exemplar da literatura nacional.

O macaco que se fez homem
Monteiro Lobato
Editora Globo, 2008
134 páginas