Ao folhear seu velho livro de histórias, encontrou uma que chamou sua atenção:
Periglenes, o sapo dourado
De acordo com as compridas línguas, Periglenes foi um líder nato, cujas três cavidades do coração eram cheias de bondade e compreensão. Devido ao seu carisma, arrebanhara seguidores, que confiavam incondicionalmente em seus conselhos. Grande era sua sabedoria e diversas vezes fora crucial à sobrevivência de seu povo. Sua pele, de um áureo intenso e maravilhoso, era única e admirável. Diziam que mesmo o Sol não era tão radiante. Os elogios eram tantos que o próprio Sol, invejoso, sentiu-se ofendido. Desejoso de ser o centro das atenções e brilhar majestoso como antes, lançou seus raios contra o bufonídeo dourado e o amaldiçoou. Periglenes, indefeso, não pôde suportar semelhante golpe: sucumbiu. Seu corpo, no entanto, jamais foi encontrado. Os seguidores e demais semelhantes de Periglenes, indignados, renunciaram à luz solar, saindo de suas moradas apenas à noite. O Sol que, resoluto, acreditava ser novamente o rei, tomou como traição a atitude da saparia e, por isso, castigou a todos com uma doença letal, silenciosa e veloz. Na manhã seguinte, a lagoa assemelhava-se a um cemitério: boiavam milhares de corpos, fulminados.
Viajo há muito tempo percorrendo vários sistemas bem diferentes. A gravidade do planeta Química exerce forte atração sobre mim, mas o astro chamado Literatura é aquele no qual me sinto mais confortável. Nos entremeios e desencontros do caminho, músicas e histórias me ajudam a não perder o rumo.