As vantagens de ser invisível

Stephen Chbosky
Publicado em 1999
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7 de março de 2013

Querido leitor,

Não é fácil superar um trauma. Quando eu era pequeno, um marimbondo do tamanho de uma uva picou meu joelho. Doeu à beça. Meu joelho inchou e nem conseguia dobrá-lo. Desde esse dia, não consigo mais andar perto de um bananal ou ficar em paz após ver uma caixa de marimbondo. Só queimando a casa deles fico bem.

Esse é um trauma pequeno em comparação ao do Charlie, personagem principal de As Vantagens de ser Invisível. Da mesma forma que estou fazendo agora, ele se comunica por cartas com um destinatário anônimo que gosto de pensar que sou eu, você, qualquer um. É pelas cartas que sabemos da vida, inseguranças e descobertas que ele faz em seu primeiro ano do ensino médio.

Acho que eu deveria falar do Charlie antes de falar do livro. Ele é um menino que pode ser considerado invisível, ou seja, está presente nas mais diversas situações, mas não participa delas. É aquele cara que fica quieto no canto de um baile, sem dançar. Aquele que só observa quando está em um grupo de conversa. Que presta atenção em tudo e em todos, mas poucos percebem que está ali. Ele é capaz de saber o presente de Natal ideal para você, mas dificilmente você saberá os gostos dele.

Charlie é esse tipo de pessoa e, até o início do ensino médio, não tinha amigos. Junto a isso, um trauma do passado que ele pouco se lembra, mas que deixou marcas fortes em sua personalidade. A vida só muda depois que ele conhece Sam e Patrick, dois meio-irmãos que, mesmo não sendo os mais populares da escola, possuem uma vida mais interessante que a das cheerleaders e dos jogadores de futebol americano.

Graças à narrativa ingênua e pura de Charlie, vemos temas pesados serem trabalhados com tranquilidade. Drogas, violência contra a mulher, aborto, abuso de menores, homossexualidade são só alguns dos assuntos abordados de maneira simples e, ao mesmo tempo, profunda.

As palavras de Charlie fazem a gente parar para pensar a todo instante. É impossível prosseguir na leitura sem se pegar refletindo sobre aquilo que Charlie (que, como um ser “invisível”, consegue perceber mais as entrelinhas que nós) disse.

Da mesma forma, é legal ver o tanto que ele cresceu ao longo de um ano. Os amigos fizeram toda a diferença na vida dele, seja pela presença no dia a dia quanto por facilitarem, enfim, sua inclusão em um grupo. Charlie não seria nada sem Sam e Patrick. Ele sabe disso e é grato a eles. As melhores passagens do livro acontecem quando os três estão juntos, quando eles ouvem aquela música pela primeira vez.

Por isso é triste ver quando ele tem uma recaída e consegue se lembrar do trauma que carrega e o fez ficar assim. Mas faz parte do processo de crescimento. O final é esperançoso, como toda a mensagem que o livro passa.

Eu me senti infinito. Espero que você se sinta também.

Com amor,

George

P.S.: Também assisti ao filme. Sendo sincero, achei melhor que o livro. As atuações estão muito boas. A Emma Watson está mais linda do que nunca como Sam. O Logan Lerman faz um excelente Charlie. Já o Ezra Miller rouba a cena com seu Patrick. Isso sem falar na trilha sonora, que merece aplausos lentos.

As vantagens de ser invisível
Stephen Chbosky
Editora Rocco, 2007
E-book