Mandinga? Urucubaca? Má sorte? É tudo sinônimo de azar? Ou você não acredita nisso? Eu não me importo, mas as galinhas daqui estão surtadas. Tudo que acontece de anormal elas culpam a sexta-feira. Pode ser a coisa mais banal do mundo, mas a pobre sexta sempre sofre as consequências.
Se sumiu o laço que elas usam na cabeça: azar. Se elas se atrasaram para algum compromisso: azar. Se a gorda com celulite vem falar com você: azar. Se ela quiser passar o dia inteiro com você porque está com medo: azar. Se ela quer te possuir inteiro: muito azar.
Por via das dúvidas, fiz questão de sair do poleiro hoje de manhã com a pata direita. “É melhor prevenir do que remediar”, já dizia a minha avó. Também comprei um monte de bugigangas que a vendedora garantiu que ajudam a trazer energias positivas. Trevo de quatro folhas irlandês, ferradura do burro aqui do sítio, pé de coelho de um coelho perneta, uma figa, uma cabeça de alho, uma fita do Senhor do Bonfim, uma pokébola. Enfim, esquentei o comércio só para fechar meu corpo.
Sem contar o banho de arruda e erva-cidreira que tomei antes de sair do poleiro. Até hoje não descobri porque os maus espíritos não chegam perto se usar essas plantas, deve ser porque elas fedem. Passo no galinheiro e todas se escondem de mim. Ainda bem que começar um relacionamento na sexta-feira 13 também dá muito azar.
Nem para macumba eu posso apelas porque eles sempre usam frangos nesses trabalhos. Quando é frango de pescoço pelado, nem importo. Por mim, todos eles podiam morrer. Nunca vi coisa mais feia em toda a minha vida. Imagina se eu depilasse as penas do meu pescoço para ficar igual a eles? Tomara que isso nunca vire moda.
Calma, onde eu parei mesmo? Ah sim, no Zagallo… quer coisa mais divertida que contar as palavras de uma pequena frase para ver se ela tem 13 letras? [/Zagallo] Aliás, o treze nem é tão ruim assim. Galo no jogo de bicho é o número treze. 13 também é o número do mascote do meu time de futebol do coração.
Nem sei pra que se preocupar tanto hoje. Passar por baixo da escada e derramar sal na mesa não é nada. Quero ver é se eu topar com um gato preto, principalmente se ele estiver faminto…
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Vou desativar meu antigo blog, o “Memórias de um frango”. Para isso, vou resgatar as crônicas que estavam postadas lá, dar uma repaginada e trazer para cá. Não preciso nem dizer que postei essa crônica em uma sexta-feira 13, não é mesmo?
Começou a escrever em 2008 para fugir de uma rotina massante no galinheiro e descobriu que era bom naquilo. Ou pelo menos achava que era, já que nunca conseguiu dar nenhum beijo na boca por seus textos. Dizem por aí que continua virgem, mas ele nega.