E foi por isso que vim parar aqui. Pensei que não iria me adaptar. De fato, não me adaptei. Tudo é muito estranho. O tempo passa mais rápido e há sempre mais coisas a serem feitas do que se pode imaginar. Não existe sentimento. Não existe ressentimento. É tudo trabalho e dever. É preciso evoluir e se tornar bem-sucedido. É necessário ter conhecimento exemplar sobre coisas inúteis e saber responder a toda e qualquer pergunta. Quem não tem conhecimento não tem status. Quem não tem status não é ninguém. E isso me deixa ainda mais intrigado! Como se preocupam tanto com isso quando se pode simplesmente injetar todas as informações diretamente no cérebro? Eles se orgulham de ser old fashion e afirmam que essa forma de aprendizagem não supera a labuta e o que se ganha com experiência. Antigamente, quem sabe, eu até concordaria. As coisas eram bem diferentes mesmo. Mas hoje? Jamais! Isso só faz com que se perca ainda mais tempo! Às vezes acho que tudo isso só serve pra mantê-los ocupados e distantes dos contatos afetivos. Como eu disse, não existe sentimento. Há uma enorme barreira invisível separando-os de cada possibilidade de se demonstrar afeto e afeição. Já ouvi dizer que isso atrapalha a carreira. Tenho certeza de que atrapalha! Afinal, para se ter uma carreira perfeita é preciso que não se tenha um coração. Eu tive que escolher, mas acho que fiz a escolha errada. Meu coração ainda bate. Mas meu destino anda na corda bamba.