Alguns perdem com a namoradinha de escola, outros com uma ficante, com uma estranha na rua, com a empregada ou com a prima. Eu não. Perdi o cabaço em um puteiro. Não foi em João Pessoa, como diriam os Raimundos, mas em Belo Horizonte mesmo. Eu devia ter uns 15 anos na época. Uns amigos, já mais velhos, me buscaram em casa e cismaram de me levar pra conhecer as “tias”. Nem precisaram insistir muito. Lá fomos nós para a rua Guaicurus, em busca de uma puta barata e comível. O final… bem, vocês já podem imaginar o final.

Desde então, nunca mais parei de frequentar puteiros. Nessas minhas andanças, devo conhecer todos da capital. Sei falar qual tem a melhor estrutura, onde as putas costumam ser mais gostosas, em qual elas trepam melhor, qual tem o melhor custo-benefício. Quando viajo pra outra cidade, a primeira coisa que procuro é a localização deles. E não paro nem quando estou namorando. Lógico que elas não precisam saber das escapulidas. É como um hobby secreto.

Ah, é bom falar que eu curto aqueles puteiros sujos, no meio da rua. Aqueles que são só uma portinha e uma escada subindo e descendo. Eu sei que na hora que alcanço o topo e vislumbro os quartos abertos, dá vontade de gritar: “Cheguei! Estou no paraíso! Que abundância, meu irmão!”. Quando curto a trepada, trato logo de descobrir os horários da puta pra voltar mais vezes. Nem ligo de pagar mais, se for o caso. Quando canso dela, é só mudar de estabelecimento. Mais simples que um relacionamento. E mais barato.

Curto mais ainda aqueles puteiros que sempre ficam cheios na hora do almoço e no final do expediente. Tipo fast foda, onde o trabalhador vai pra dar uma aliviada no estresse do dia. Advogados, pedreiros, vendedores, empresários. Todos ligados pelo tesão e pelo suor das putas. Aqueles puteiros certinhos, com cara de bar e que você precisa até pagar pra entrar, não me agradam. É só nos de raiz que me divirto.

Numa dessas idas, em uma casa tradicional da Guaicurus, conheci a Susete. Lógico que esse nome era falso, assim como nenhum é real naquele lugar. Nem o meu. Loirinha, corpo ajeitado, cara de novinha. Dei a sorte de ser um dos primeiros clientes dela, assim que chegou do sul. Reconheci o sotaque gaúcho e a cara desesperada por dinheiro. Meu pau subiu na hora. Foi barato, mas ela fazia com gosto. Dava em cima, dava embaixo, ralava na boquinha da garrafa, balançava aquela bunda maravilhosa. Nossa… como trepava bem a tal da Susete.

Lógico que não consegui ficar sem aquela foda por muito tempo. Passei a frequentar o puteiro pelo menos umas duas vezes por semana, sempre em busca da Susete. E toda vez era sensacional, assim como a primeira. Com o tempo, passamos a nos encontrar fora dali, sem compromisso nem nada. Só pra conversar mesmo. Como era inteligente a tal da Susete. Veio de Porto Alegre porque lá não tinha muitas oportunidades. Começou uma faculdade, mas tava difícil pagar. Tentou viver por como puta, mas não deu certo. Então veio pra BH e se deu bem. Encontrou boas pessoas no caminho, que a ajudaram. “Você inclusive”, ela disse. Tinha certeza de que aquela situação era temporária. Queria subir na vida.

Fui eu quem a ajudou a encontrar um apartamento discreto para seus programas. Coincidência ou não, era em frente ao meu. Ela passou a atender os clientes por lá e não demorou muito a começar um curso de psicologia em uma universidade particular. Não atende clientes de lá, faz questão de ressaltar, para não manchar a imagem dela com os futuros colegas de profissão. A gente ainda fode de vez em quando, mas só naquelas tardes de domingo, pra passar o tempo entre o jogo do Galo e o Domingão do Faustão. Mas uma coisa não mudou… Como fode bem a tal da Susete.

Para ler ouvindo: Dança do bumbum – É o tchan

Esta crônica faz parte do Music Experience