– 47!

– Lógico que você errou!

– Mas você queria o quê? É impossível adivinhar isso.

– Aposto que eu consigo. Pensa num número de 0 a 50.

– Pronto, pensei.

– Você pensou no 42, certo?

– Ei, isso é injusto. Você sabe que minha cabeça vai automaticamente pro 42. É como se eu fosse um organismo que faz parte de um computador gigante criado para descobrir a pergunta para a vida, o universo e tudo mais.

– Injusto é o caralho. Não tenho culpa de você ser tão previsível.

– Vamos tentar de novo! Duvido você acertar essa… olha nos meus olhos e me diz o que estou pensando.

– Aí você complicou minha vida.

– Uai, você não tava bancando a vidente fodona? Quero ver acertar agora.

– Mas isso é impossível. Eu te conheço bem o suficiente pra saber que você pode estar pensando tanto em baratas albinas quanto nos meus peitos.

– Pra você ver. Eu sendo todo romântico e você fazendo julgamentos errados.

– Desculpa, tá… ei, por que você está rindo?

– Nada…

– Deixa de ser cínico! O que você aprontou agora? Aposto que pensou putaria e não quer falar!

– Eu? Imagina…

– Seu safado! Tava era pensando nos meus peitos o tempo todo!

Para ler ouvindo: Até o fim do dia – Rafael Fontana

Esta crônica faz parte do Music Experience